O 1º Simpósio Internacional de Didática da História – “O Futuro da Didática da História” ocorreu em 2022 e objetivou congregar pesquisas e trabalhos, sob diferentes pontos de vista, acerca da Didática da História e suas relações com as teorias da história e as aprendizagens históricas.
Neste 2º Simpósio Internacional de Didática da História, almejamos alcançar novas perspectivas. As diferentes maneiras como o passado é acessado na vida em sociedade, mediado por interesses, carências, demandas e projetos que partem do presente, geram desafios de muitas ordens para aqueles que se preocupam com os processos de geração de sentido e significado com base na História, sobretudo quando se pretende defender valores humanos, humanistas e a permanência da vida. Diante de catástrofes que precisam passar por processos de compreensão, a História frequentemente é cobrada ou mobilizada para que a vida possa ser vivida sem maiores desassossegos.
Quando nos referimos a catástrofes, podemos pensar em elementos que envolvem a relação da sociedade capitalista com o meio ambiente, como os desastres que envolveram a barragem de Brumadinho (25/01/2019). Podemos ainda refletir sobre relações entre elementos de identidade e identificação que nos provocam a pensar a relação entre Histórias mais localizadas e suas conexões com o que chamamos de História Geral, por exemplo, diferentes configurações de poder e suas relações com blocos econômicos, como o Mercosul ou a União Europeia. Ou ainda, perseguições étnicas, que resultam em mortes ou genocídios, seja entre garimpeiros e diferentes sociedades indígenas, seja nos horrores atuais em Gaza.
Como acionamos os conhecimentos históricos diante desses desafios? Que relações existem entre histórias mais abrangentes e contextos locais? Que processos de sentido são possíveis ou necessários? Contra quem e a favor de quem se produz conhecimento histórico? Os conhecimentos históricos possuem a efetividade que a História cobra para a melhoria da vida? O que é possível fazer para melhor alcançar nossas pretensões com os conhecimentos históricos?
Os organizadores do evento acreditam que a História, como parte da vida humana em sociedade, precisa manter e aprofundar as conexões com as realidades nas quais está inserida. Dessa maneira, compreendemos que a Didática da História, como parte da Ciência Histórica, possibilita reflexões sobre as diferentes formas de relação com a História, seja pensada, vivida, pesquisada ou ensinada. E que, embora existam discussões e diferentes nomenclaturas para essas relações (ensino de História, Didática da História, Educação Histórica), há unidade no objetivo de proporcionar momentos de pensabilidade histórica que auxiliem no processo de emancipação humana (seja de indivíduos, grupos ou classes).
Assim, seja para aderir ou não às críticas decoloniais, epistemologicamente falando; seja para derrubar ou fazer a manutenção de monumentos, teórica e praticamente falando; seja para recusar ou aderir a currículos, é no âmbito da Didática da História que podemos encontrar discussões mais adequadas às necessidades da vida humana em sociedade. Diante dos desafios que se colocam, elencamos o tema “Por uma Didática da História Latino-Americana” para ser pensado pelos palestrantes e ouvintes de nosso 2º Simpósio Internacional de Didática da História.
Neste sentido, nossos convidados e convidadas poderão oferecer reflexões e contribuições aos debates mais candentes de nossa sociedade. Em um evento que se pretende conectado aos elementos mundiais, mas que se organiza e debate a partir do sul global. Deixamos alguns questionamentos para serem enfrentados coletivamente: há espaço para uma didática da História Latino-Americana? Que ganhos podemos ter a partir desse recorte? Ou ainda, quais críticas essa definição pode mobilizar? Convidamos todas e todos a se engajarem no evento e contribuírem com esses debates. A intenção final, podemos apontar, é trazer algumas contribuições que possam melhorar as relações de ensinar, aprender e refletir sobre a produção e circulação dos conhecimentos históricos.