Aprendendo com o usuário – FASE 1 (2017-2019):
O espaço habitacional é um dos pilares necessários para a promoção do bem-estar e da qualidade de vida. Em alguns casos, a Habitação de Interesse Social, a Casa Mínima e a Casa Padrão, são materializadas objetivando condições mínimas de habitabilidade, sem considerar as diferentes necessidades e mudanças de cada família ao longo do ciclo de vida.
Posto isto, observa-se um fenômeno recorrente de modificação e personalização das unidades habitacionais originais a partir de iniciativas espontâneas de autoconstrução, sem auxílio de um profissional especializado. Torna-se necessário, então, encontrar soluções habitacionais flexíveis que respeitem as diferentes necessidades e mudanças de cada família ao longo da sua vida, para garantir uma maior satisfação com o espaço doméstico e um espaço físico adequado para o desempenho para as atividades cotidianas.
O presente Projeto de Extensão propõe uma aproximação com o universo doméstico em comunidades populares do município de Pelotas, aproximando futuros arquitetos-urbanistas e profissionais de áreas afins da realidade socioespacial dos moradores em áreas de interesse social. A partir da seleção prévia de uma comunidade de Pelotas/RS, o projeto pretende, sob uma perspectiva participativa, avaliar a qualidade da inserção urbana da localidade, conhecer a realidade socioeconômica e o perfil familiar dos moradores, compreender o processo de evolução das transformações executadas espontaneamente pelos moradores em projetos padronizados, em distintas etapas do ciclo de vida, identificando instrumentos de personalização e flexibilidade espacial que possam ser adaptados aos novos projetos em realidade semelhante.
A metodologia do trabalho compreende uma imersão no espaço doméstico das famílias, com etapas distintas: caracterização do perfil familiar; coleta de depoimentos e narrativas conectadas às transformações efetuadas na habitação; levantamento planialtimétrico e registro fotográfico das unidades habitacionais; identificação de meios técnicos e dispositivos de transformação empregados; desenvolvimento de repertório gráfico de registro das transformações e, por fim, a criação de uma cartilha com diretrizes projetuais que considere a flexibilidade continua da habitação e a personalização, instrumentos que poderão servir para futuras intervenções, subsidiadas por profissionais qualificados. O trabalho considera a perspectiva do morador como essencial para a formulação de concepções futuras, à luz de demandas contemporâneas e preferências da sociedade em constante transformação.
Aprendendo com o usuário – FASE 2 (2020 – em andamento):
Nos assentamentos precários a autoconstrução têm sido a única solução em larga escala para fornecer moradia para pessoas de baixa renda. Para ter uma casa, sem poder acessar o mercado imobiliário, o morador a constrói, muitas vezes junto com os outros habitantes, mas sem a ajuda de pessoal especializado, dedicando seu tempo livre à sua realização. As casas resultam precárias e criadas com materiais e componentes de baixa qualidade. Muitas vezes o edifício ocupa todo o lote causando um crescimento compacto, em que as casas são próximas umas das outras, sem qualquer espaço de ventilação e iluminação entre elas. As condições climáticas dentro das casas geralmente pioram, também devido a uma distribuição espacial não planejada. A falta de aberturas suficientes não apenas causa falta de ventilação interna, como também agrava a relação das casas com o espaço externo, que muitas vezes é percebido como um lugar hostil e inseguro.
O presente Projeto de Extensão é relativo a área do loteamento Anglo, no bairro da Balsa, localizada na região Leste da cidade de Pelotas/RS, Zona Bioclimática 2, Sul do Brasil. O projeto avalia a qualidade térmico-energética das unidades habitacionais do loteamento, a maioria delas sendo habitações de interesse social promovidas pelo Programa PAC, através da coleta de dados de campo, e propõe soluções para mitigar os problemas detectados. A proposta é usar a estratégia de adição – uma intervenção que prevê o enxerto de volumes em arquiteturas já existentes – como uma ferramenta para transformar as casas: elementos auto construídos podem ser adicionados às habitações que podem melhorar o microclima, o espaço e a percepção estética.