Bruno Marconi da Costa[1]
1. Introdução
O que significa estudar a história pelos olhos dos oprimidos? A chamada “história vista de baixo” é uma abordagem que busca compreender o passado sob a perspectiva de grupos marginalizados, colocando em foco aqueles que, historicamente, foram explorados e silenciados. Embora essa metodologia esteja presente na historiografia há mais de um século, sua relevância ainda é frequentemente questionada. Afinal, quem são esses “de baixo”? Existe, de fato, uma maneira de acessar sua visão de mundo?[2] E, se aceitarmos o desafio, quais são os limites e as possibilidades dessa abordagem?
Quando voltamos para o período da Idade Média, essas perguntas se tornam mais complexas. A visão tradicional do período – amplamente difundida em livros didáticos, produtos da indústria cultural e na internet – frequentemente reduz os populares a estereótipos. Eles são retratados como uma massa passiva de trabalhadores, ignorantes e manipulados. No Brasil, mesmo com o crescimento dos estudos medievais, ainda predominam investigações sobre elites, relegando trabalhadores à margem das análises.
Essa lacuna foi abordada por Daflon e Magela em um capítulo intitulado “Os porquês de uma história que falta: em defesa do protagonismo camponês na Idade Média” (2019). Os autores destacam que a medievalística brasileira privilegia majoritariamente os dominantes em detrimento dos que vivem “pelo trabalho de seus corpos”[3].
Nosso objetivo, aqui, é promover uma reflexão sobre a história vista de baixo e suas possibilidades no estudo da Idade Média. O texto será organizado em três seções: 1) uma breve introdução à história vista de baixo, seus conceitos e metodologias; 2) alguns cuidados referentes à sua aplicabilidade no estudo da Idade Média; e 3) exemplos de pesquisas recentes que ajudam a expandir esse campo, como as dedicadas à “política popular” e às revoltas no Mediterrâneo.
Este texto propõe uma aproximação inicial a essas questões. A esperança é que estudantes, pesquisadores e educadores se inspirem a “escovar a história a contrapelo”, como sugeriu Walter Benjamin, e a considerar novas perspectivas que valorizem o papel dos trabalhadores e trabalhadoras na compreensão do passado.
Figura 1: Cartaz de Maio de 1968: A beleza está na rua.
2. Afinal, o que é História Vista de Baixo?
A história vista de baixo é uma abordagem historiográfica que se concentra nos grupos oprimidos e marginalizados do passado. Não é uma corrente teórica, tampouco uma metodologia, mas um olhar que dialoga com diversas tradições, especialmente a marxista. Seu foco é compreender a experiência, a consciência e as ações dos oprimidos e subalternos enquanto agentes históricos, desafiando narrativas que tradicionalmente privilegiam as elites.
Suas raízes remontam às críticas à história positivista do século XIX. Obras como Les Paysans du Nord pendant la Révolution Française (1924), de Lefebvre, e The Black Jacobins (1938), de James, abriram caminho ao explorar o protagonismo de camponeses e revolucionários haitianos, respectivamente. Essas contribuições seriam aprofundadas pelos historiadores marxistas britânicos na segunda metade do século XX.
A emergência dessa abordagem na década de 1960-70 não foi isolada: dialogou com os movimentos sociais da época, como a luta anticolonial, os direitos civis nos EUA e os movimentos feministas. Esses processos não apenas inspiraram novas questões historiográficas, mas também enfatizaram a necessidade de reconhecer a pluralidade de agentes históricos.
Como aponta Rediker (2022), seis elementos são essenciais para compreender a história vista de baixo:
- O povo trabalhador como foco principal, em diálogo com a totalidade social.
- Análise das relações de poder, opressão e resistência, sempre em conexão com os grupos dominantes.
- Compreensão da experiência histórica, conceito central em E. P. Thompson.
- Exploração da consciência dos trabalhadores, reconhecendo suas formas de pensar e reagir ao contexto histórico.
- Recuperação das vozes dos oprimidos, um desafio especialmente relevante para as fontes medievais.
- Reconhecimento dos grupos populares como agentes históricos, moldando o passado tanto quanto os dominantes.
Todas essas bases da abordagem da história vista de baixo esbarram em uma barreira: as fontes. Para além de seu silêncio e do aspecto lacunar, tantas vezes apontados como justificativa de uma suposta impossibilidade do estudo dos grupos populares do passado, há também a natureza de suas autorias. Como a cultura popular foi historicamente oral, as principais fontes escritas sobre esses grupos vieram de elites muitas vezes hostis. É necessário, portanto, além da busca de outros tipos de fonte para a vida cotidiana dos explorados e oprimidos (a arqueologia, por exemplo), leituras que testem o limite dos indícios textuais, de forma criativa, sem distorcê-los. E. P. Thompson chamou isso de segurar os documentos em frente a uma “luz satânica” e lê-los de trás-pra-frente.
Figura 2: Iluminura das Crônicas de Froissart representando John Ball, um dos líderes da Revolta Camponesa Inglesa de 1381, conhecido pelo seu discurso “Quando Adão arava o campo e Eva fiava, quem era o senhor?”.
3. Cuidados no Estudo da Idade Média Vista de Baixo
3.1. O imaginário e a organização da sociedade medieval
Quando pensamos nos camponeses e trabalhadores medievais, o senso comum frequentemente os retrata como figuras passivas, submetidas ao controle absoluto da “Igreja” e dos “senhores feudais”. Esse imaginário os apresenta como profundamente manipulados, subservientes e, muitas vezes, incapazes de compreender ou resistir ao mundo ao seu redor. A imagem de uma “Idade das Trevas” contribuiu para reforçar essa percepção, frequentemente reproduzida em produções culturais e até mesmo em narrativas didáticas simplistas.
Para não cair nessa armadilha, é crucial reconhecer que a sociedade medieval é amplamente distinta da nossa. Evitar anacronismos demanda um esforço constante para compreender os conceitos e valores da época em seus próprios termos. Enquanto a sociedade contemporânea parte do pressuposto de que “todos nascemos iguais perante a lei”, as sociedades medievais estavam alicerçadas em uma concepção de desigualdade natural. Essa desigualdade era legitimada, primeiro, pela ideia de “ordem”, como explicitada por Duby em As Três Ordens ou o Imaginário do Feudalismo, em que a desigualdade era vista como uma definição divina, e depois pelo conceito de “estado” ou “estamento”, que considera as hierarquias como uma condição da vida humana.
Isso não significa que esse imaginário ordenado desenvolvido pelo clero e aplicado juridicamente era estático e reconhecido como padrão por todos. Entender que essa base corporativa é mutável historicamente é essencial para compreender as diferentes noções de “povo” espalhadas pelos mil anos da Idade Média. Dependendo da espacialidade e temporalidade, o “povo” podia ser concebido de maneira plural, englobando camponeses, trabalhadores urbanos e mesmo grupos marginais. Reconhecer essas especificidades é muito importante para compreender em quais limites sociais, institucionais, políticos a identidade desses grupos populares se manifestava. Por exemplo, cidades cristãs de fronteira na Península Ibérica, com comunidades mistas e militares, contrastavam com senhorios do Norte, marcados pela servidão. A sociedade medieval, portanto, não pode ser reduzida ao feudalismo ou ao domínio senhorial. Comunidades urbanas e rurais, redes assistenciais confraternais, estruturas de governo citadinas e formas de organização para ações coletivas (por exemplo, o común) demonstram a pluralidade de maneiras em que grupos populares eram capazes de tensionar com grupos dominantes e atuar como agentes históricos relevantes.
3.2. A natureza das fontes medievais
Outro cuidado essencial ao estudar os populares medievais reside na natureza das fontes disponíveis. A maior parte das que chegaram até nós foi produzida por elites – clérigos, aristocratas, magistrados urbanos e o poder régio. Isso significa que as vozes das classes populares são, em grande medida, mediadas por aqueles que tinham o poder de produzir e preservar documentos. No entanto, isso não torna impossível o estudo dos grupos subalternos. Pelo contrário, uma leitura invertida das fontes pode revelar elementos cruciais sobre esses grupos, muitas vezes presentes nas entrelinhas ou mesmo no “não-dito”. Seguindo esse caminho, a história vista de baixo considera todo e qualquer indício do passado, escrito ou não, relevante para descrever a vida dos oprimidos e explorados. Contar essa história é montar um quebra-cabeças em que com cada peça se percebe quantas mais estão faltando.
Por exemplo, legislações e regimentos urbanos frequentemente trazem pistas sobre práticas cotidianas que as elites buscavam reprimir ou regular. Como no ditado popular, “se tem placa, tem história” – as normas refletem tensões sociais, práticas contestatórias e estratégias populares de sobrevivência. Crônicas narrativas, por sua vez, devem ser interpretadas considerando a lógica retórica de sua época, reconhecendo os interesses políticos e sociais dos envolvidos em sua produção, desde o cronista até seus financiadores. Da mesma forma, tratados políticos, filosóficos e religiosos não representam a sociedade como um todo, mas são projetos ideológicos de determinados grupos. Ao mesmo tempo, são ferramentas valiosas para entender o imaginário e as hierarquias sociais que informavam a vida medieval. No fim, diversas vezes o trabalho do historiador dos grupos populares se aproxima mais da verossimilhança na reconstrução do passado do que do comprovado diretamente com o que foi escrito – como aponta a obra de Zemon Davis sobre os camponeses da primeira modernidade do sul da França.
Nesse sentido, nos agrada uma terminologia aplicada por Monsalvo-Antón para analisar os “pecheros” de Ávila e Salamanca durante os séculos XIII e XIV (2011). Se as fontes medievais, em toda a sua pluralidade de gêneros, origens e formatos, são produzidas pelos grupos dominantes, significa que se empregam nelas o léxico, as fórmulas comuns, as rotinas diplomáticas estabelecidas por esses mesmos grupos. Portanto, concretamente, mesmo em fontes que buscam reproduzir o que foi dito por grupos populares (por exemplo, petições), não conseguimos acessar seus pontos de vista tal como foram expressados, por sempre passarem pela mediação dos grupos dominantes. Porém, ainda que não escutemos as “vozes” dos oprimidos, podemos encontrar seus “ecos”, que não podem ser desprezados quando esses indícios são interpretados a partir de um determinado olhar.
Figura 3: Iluminura das Crônicas de Froissart representando uma revolta de camponeses.
4. Resistências cotidianas e revoltas sociais: o olhar da nova historiografia
No século XXI, cresceu o interesse pelos grupos populares da Idade Média, com destaque para suas resistências cotidianas e formas de mobilização política, incluindo revoltas. Esse ressurgimento, impulsionado pela chamada “nova história social”, incorporou problematizações renovadas sobre os “de baixo”, como as reflexões da antropologia voltada à alteridade, críticas oriundas da história cultural e os primeiros esforços de integrar esses temas à história global. No século XX, as reflexões de James C. Scott destacaram a resistência cotidiana, pacífica e prosaica dos grupos populares em contraste com as revoltas abertas. Já no século XXI, enfatizou-se que ambas são faces de um mesmo fenômeno, devendo ser analisadas de forma integrada.
Um conceito fundamental nesse contexto, desenvolvido por Tilly, é o de repertório de ações coletivas. O autor o define como o conjunto de estratégias disponíveis aos grupos populares, das revoltas às negociações institucionais. A compreensão da resistência cotidiana e das rebeliões abertas exige sua integração com a análise de pressões políticas por maior participação institucional, demandas direcionadas a autoridades, formas de assistência religiosa e social em momentos de crise, além de práticas como a ocupação de espaços urbanos.
A seguir, apresentaremos algumas obras recentes que oferecem caminhos para a compreensão da Idade Média a partir da perspectiva dos grupos populares, especialmente úteis como ponto de partida para pesquisadores e interessados no tema.
Com o afastamento desse tema por parte de grande parte da historiografia brasileira, destacam-se, nas últimas duas décadas, obras coletivas internacionais, especialmente em espanhol e inglês. Entre elas, os livros produzidos no contexto dos Encuentros Internacionales del Medievo en Nájera merecem menção especial. Los grupos Populares en la Ciudad Medieval Europea (2014) e Trabajar en la Ciudad Medieval Europea (2018) reúnem estudos dedicados à experiência cotidiana, formas de resistência e ação política, além da regulação, auto-organização e dinâmica espacial do trabalho nas cidades da Baixa Idade Média europeia.
A série “Cultural History” também traz contribuições relevantes para o estudo dos grupos populares. Cultural History of Work in Medieval Age (2019, editada por Garver) aborda as formas de organização, consciência social e práticas de trabalho desses grupos, enquanto Cultural History of Democracy in the Medieval Age (2022, editada por Napolitano e Pennington) analisa a participação dos trabalhadores nas instituições medievais, destacando suas estratégias para ampliar sua presença no cenário político.
No campo das revoltas medievais, destaca-se a obra colaborativa The Routledge History Handbook of Medieval Revolt (2017, editada por Firnhaber-Baker e Schoenaers). A coletânea reúne especialistas que exploram a conceitualização das revoltas sociais, seus contextos sociopolíticos, identidades, motivações e mobilizações, além de suas formas de comunicação política, como linguagem, performances sociais e violência.
Ampliando as fronteiras espaciais, a obra de Elbendary, Crowds and Sultans: Urban Protest in Late Medieval Egypt and Syria (2015), analisa de forma detalhada os fluxos sociais nos séculos XIV e XV, posicionando as rebeliões no mundo muçulmano como parte integrante das negociações políticas com os poderes mamelucos. Essa obra representa uma contribuição significativa para o estudo das ações coletivas em uma perspectiva de história global e conectada.
No âmbito da historiografia em língua portuguesa, destaca-se o projeto de pesquisa MedCrafts, conduzido entre 2018 e 2022. O projeto investigou a regulamentação dos ofícios nas cidades portuguesas dos séculos XIV e XV, adotando uma perspectiva comparativa. Os resultados foram organizados em uma obra coletiva, publicada em 2023 em dois volumes, sob a edição de Sousa Melo e Sequeira. Os estudos apresentam uma análise detalhada das formas de regulação dos ofícios, incluindo estatutos, ordenações e sentenças judiciais, enfatizando as interações entre os mesteirais e as autoridades públicas no contexto da Baixa Idade Média.
Em relação a produções brasileiras, destacamos três teses de doutorado que recentemente abordaram os grupos populares trabalhadores na Idade Média. A primeira, defendida por Daflon em 2020, trata do campesinato ibérico na transição da Antiguidade para a Idade Média. Publicada sob o título Foice Livre: Campesinato ibérico e transformação social entre fins do mundo romano e a Idade Média (c. 300 – c. 500), utiliza fontes arqueológicas para examinar as dinâmicas sociais, transformações e adaptações dos trabalhadores rurais nesse período.
A segunda tese, de nossa autoria, foi defendida em 2018 sob o título Os mestres de ofício da Lisboa Medieval – uma análise comparada de sua atividade política entre os séculos XIII e XIV. O trabalho explora a experiência social dos mesteirais lisboetas, com ênfase em suas ações coletivas, tanto pacíficas quanto violentas, e destaca o papel desses grupos na chamada “Revolução de Avis” (1383-1385).
Por fim, a tese de Ribeiro, defendida em 2022, intitulada “Tam ousada de quallquer estado e comdiçom”: As relações de gênero nos mesteres em Lisboa de 1385 a 1438, aborda o papel das trabalhadoras urbanas no Portugal medieval. A partir de uma perspectiva de gênero, o estudo analisa a participação feminina nos ofícios e as estratégias de resistência cotidiana empregadas por essas mulheres.
Figura 4: “Ensine História de Baixo”. Arte de Shaun Slifer.
5. Considerações finais
Este texto é escrito no contexto da luta nacional brasileira pela abolição da escala de trabalho 6×1. Movimentos como este reforçam a demanda por conhecimentos que iluminem as trajetórias históricas das lutas dos trabalhadores, e os historiadores medievalistas têm um papel essencial nesse debate. Nossa responsabilidade é desconstruir a imagem mitificada da Idade Média – frequentemente apresentada como um período exclusivamente masculino, guerreiro e rigidamente hierarquizado – e evidenciar as diversas formas de resistência e ação política dos grupos populares.
Benjamin, na tese VII de suas Teses sobre o conceito de história, afirma que uma história que se alinha aos grupos dominantes do passado perpetua a empatia por aqueles que dominam o presente. Assim, pesquisar, ensinar e narrar a história “a contrapelo” permite que nos conectemos com as lutas dos trabalhadores contemporâneos, mostrando que estas fazem parte de uma tradição histórica de resistência. Apesar das diferenças nos contextos sociais, políticos, econômicos e culturais, essas experiências podem inspirar reflexões e ações em prol de um mundo mais justo, solidário e digno.
Referências
BENJAMIN, Walter. “Sobre o conceito de História”. In: Magia e Técnica, Arte e Política: Ensaios sobre literatura e História da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 222-234.
COSTA, Bruno Marconi da. Os mestres de ofício da Lisboa Medieval: – uma análise comparada de sua atividade política entre os séculos XIII e XIV. Tese de doutorado apresentada ao PPGHC-UFRJ, 2018. Disponível em: https://www.academia.edu/37318793/_TESE_DE_DOUTORADO_Os_Mestres_de_Of%C3%ADcio_da_Lisboa_Medieval_Uma_an%C3%A1lise_comparada_de_sua_atividade_pol%C3%ADtica_entre_os_s%C3%A9culos_XIII_e_XIV.
______, ________________. A comunicação política dos mesteirais na Idade Média: Análise de uma petição popular lisboeta durante o Interregno português (1383-1385). Revista Medievalis, v. 12, n. 2, p. 95-125, 2023. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/medievalis/article/view/63094.
DAFLON, Eduardo Cardoso. Foice Livre: Campesinato ibérico e transformação social entre fins do mundo romano e a Idade Média (c. 300 – c. 500). Niterói: EdUFF, 2023. Disponível em: https://www.eduff.com.br/produto/foice-livre-campesinato-iberico-e-transformacao-social-entre-fins-do-mundo-romano-e-a-idade-media-c-300-c-500-e-book-pdf-733
________, ______________; MAGELA, Thiago Pereira da Silva. “Os porquês de uma história que falta: em defesa do protagonismo camponês na Idade Média”. In: VELOSO, Wendell dos Reis; BOENAVIDES, Dionathas Moreno. Religiosidade, poder e sociedade no medievo: discussões historiográficas. Porto Alegre: Polifonia, 2019, p. 45-62.
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RIBEIRO, Josena Nascimento Lima. “Tam ousada de quallquer estado e comdiçom”: As relações e gênero nos mesteres em Lisboa de 1385 a 1438. Tese de doutorado apresentada ao PPGHS-UFF, 2022. Disponível em: https://www.academia.edu/85733723/_Tam_ousada_de_quallquer_estado_e_comdi%C3%A7om_As_rela%C3%A7%C3%B5es_de_g%C3%AAnero_nos_mesteres_em_Lisboa_de_1385_a_1438.
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TILLY, Charles. From Mobilization to Revolution. Michigan: CRSO Working Paper, 1977.
[1] Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em História Comparada. Professor Efetivo de História Antiga e Medieval da Universidade Federal de São João del-Rei. Vice-coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisa em História Antiga, Medieval e da Arte (LEPHAMA). Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5509982910493824.
[2] Apesar de ser uma área próxima e de grande relevância para todo o campo das humanidades, os chamados “estudos subalternos” inaugurados por Gayatri Chakravorty Spivak partem de outra episteme, de raiz pós-colonial, e não serão abordados neste texto introdutório. Essa pergunta é exatamente a linha chave de sua principal obra: “Pode o Subalterno Falar?” (SPIVAK, 2010).
[3] Essa expressão está presente em uma petição apresentada pelos mesteirais, moradores e povoadores de Lisboa ao Regedor e Defensor do Reino, D. João, Mestre de Avis, em 1384. Nela, seus autores reivindicaram a ampliação de uma série de direitos, argumentando que “Per trabalho de seus corpos” defenderam a cidade e a ascensão de D. João à sua posição. Analisamos o conteúdo dela em nossa tese de doutoramento e mais aprofundadamente em COSTA, 2023.
Publicado em 15 de Abril de 2025.
Como citar: Marconi, Bruno. “Per Trabalho de seus Corpos”: Uma Introdução à História Medieval Vista de Baixo. Blog do POIEMA. Pelotas: 15 abr. 2025. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/poiema/per-trabalho-de-seus-corpos-uma-introducao-a-idade-media-vista-de-baixoAcesso em: data em que você acessou o artigo.