No dia 20 de novembro, mês da Consciência Negra, o PET Fronteiras esteve presente na Marcha em memória da Mestra Griô Sirley Amaro, caminhando lado a lado com a comunidade, movimentos sociais, coletivos, partidos e povos que, juntos, afirmam diariamente a potência da resistência negra. Em Pelotas, cidade marcada de forma profunda pelo passado colonial escravocrata, erguida sobre o trabalho e a dor de pessoas negras que por séculos foram invisibilizadas, marchar nesta data é mais do que um ato político: é um gesto de memória, reparação e futuro. Cada passo dado pelas ruas da cidade é também uma afirmação de que não esquecemos, de que não silenciamos e de que seguimos lutando contra estruturas que insistem em permanecer. A marcha deste ano trouxe um momento simbólico de grande força. A saia da Mestra Sirley Amaro carregada de fundamento, ancestralidade, cuidado e ensinamento voltou a rodar pelas ruas pelotenses. Incorporada simbolicamente por Millena Benvinda Tupinambá, estudante e militante indígena do povo Tupinambá, a saia girou mais uma vez para lembrar que tradição não é passado: é permanência viva. Em cada fuxico que a compõe repousam histórias, rezas, afetos, pedidos e a resistência contínua de quem nunca deixou de lutar.
A presença de Millena, mulher indígena atravessada pelos aprendizados do território, somou camadas de sentido ao gesto, reforçando a aliança entre lutas negras e indígenas na cidade. Marchamos porque quando a saia da Mestra gira, gira com ela nossa luta coletiva, nossa ancestralidade partilhada e o compromisso de transformar o agora de abrir caminhos para que o futuro seja menos desigual e mais digno para todos que compõem esta cidade. O PET Fronteiras, ao estar presente na Marcha da Mestra Griô Sirley Amaro, reafirma seu compromisso com a educação popular, com a construção de memória e com o fortalecimento das resistências que sustentam a vida. Seguimos caminhando junto à comunidade negra pelotense, aprendendo com suas lideranças, honrando suas histórias e amplificando as vozes que, há séculos, persistem. Porque a cidade só existe de verdade quando reconhece quem a construiu e quem, ainda hoje, segue lutando para mantê-la viva.
Produção Textual: Madu Costa (@orangeteears)
Fotografias: Madu Costa (@orangeteears)/ João Miguel Bueno
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