Autores
MAÍRA GONÇALVES COELHO
mairagoncalvesc@gmail.com1
DENISE MARCOS BUSSOLETTI
denisebussoletti@gmail.com
Resumo
O trabalho discute o protagonismo feminino na percussão em Pelotas a partir da experiência do coletivo Batucantada e de sua interlocução com o Programa de Educação Tutorial PET Fronteiras: Práticas e Saberes Populares da Universidade Federal de Pelotas. Formado majoritariamente por mulheres, o grupo transforma a música em um espaço de resistência, aprendizagem e celebração da cultura popular, rompendo com a lógica historicamente masculina da percussão. Por meio de uma pesquisa-ação, que combina observação participante, registros fotográficos e rodas de conversa, analisam-se as práticas pedagógicas e políticas do coletivo, como a Femenagem, gesto simbólico que valoriza trajetórias femininas e questiona narrativas hegemônicas. Fundamentado em autoras como Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, Patricia Hill Collins, Conceição Evaristo e bell hooks, o estudo demonstra que tocar é também um ato de existir e resistir, no qual o corpo feminino se afirma como território de criação e liberdade. Conclui-se que a Batucantada constitui uma pedagogia popular que enegrece e feminiliza os espaços da cultura, promovendo emancipação social e reafirmando a potência dos saberes populares como instrumentos de transformação e justiça epistêmica.