As doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) são a principal causa de morte e incapacidades no mundo e no Brasil. Contudo, no Brasil, o impacto das DCNT é potencializado devido as rápidas transições demográfica e epidemiológica tornando o sistema de saúde menos preparado para atender a demanda crescente de pessoas com DCNT. Nesse contexto, a multimorbidade – caracterizada pela ocorrência de duas ou mais doenças crônicas em um mesmo indivíduo – apresenta-se como um problema de saúde dada sua alta ocorrência (mais de 60% em idosos), consequências negativas para a saúde e falta de informação para seu manejo adequado. Umas das respostas para essa situação é a realização de pesquisas para o melhor entendimento da ocorrência, causas e consequências das DNCT e multimorbidade com o intuito de identificar as melhores estratégias para o enfrentamento do problema por meio de práticas baseadas em evidências. Esses resultados podem ser mais bem aproveitados com a utilização de diferentes formas de comunicação e divulgação do conhecimento científico. Temos como objetivo sensibilizar gestores, profissionais de saúde e sociedade sobre as melhores evidências para o enfrentamento das DCNT. As ações do projeto incluem a produção de conteúdo de divulgação científica no blog e mídias sociais do GBEM (Facebook, Twitter, Instagram e Youtube) e a realização de atividades de comunicação e divulgação do conhecimento científico sobre Doenças Crônicas Não Transmissíveis e multimorbidade direcionadas à gestão (local, regional e nacional) do Sistema Único de Saúde, tomadores de decisão e profissionais de saúde da comunidade de Pelotas-RS.
Coordenadores: Bruno Pereira Nunes e Natália Martins Flores (12/2017 – 04/2018) | Universidade Federal de Pelotas
A multimorbidade é definida como a ocorrência de diferentes doenças em um mesmo indivíduo. Na população idosa, mais de 50% dos indivíduos apresentam duas ou mais doenças crônicas, com estudos apresentando estimativas superiores a 90%. Além da alta prevalência, a multimorbidade ganha mais relevância como problema de saúde pública devido às suas diferentes consequências negativas na saúde física, mental e utilização dos serviços de saúde, observadas principalmente em países de alta renda. Existem poucos estudos sobre a temática no Brasil e este tipo de investigação pode contribuir para a melhoria do modelo de cuidado aos idosos. Neste projeto serão utilizados três bancos de dados que incluem informações sobre idosos com representatividade nacional (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios, 2008 e Pesquisa Nacional de Saúde, 2013) e da cidade de Bagé-RS (Pesquisa ADOMIS – Atenção Domiciliar a Idosos: Desempenho dos Serviços de Atenção Básica, 2008 e seu 1º ciclo de acompanhamento, 2016). As contribuições da proposta incluem a identificação da existência e magnitude do efeito da multimorbidade e de seus padrões em diferentes indicadores de saúde entre idosos em um país com poucas informações sobre o problema e que passa por uma rápida transição demográfica e epidemiológica. Financiamento: CNPq Período: 2017-2020
Trabalhos acadêmicos vinculados:
– Trabalho de Conclusão de Curso: Doenças crônicas e multimorbidade em idosos: relação com o tipo de serviço de saúde utilizado (Aluna: Bruna Borges Coelho)
– Trabalho de Conclusão de Curso: Ocorrência de doenças crônicas e multimorbidade em idosos brasileiros: comparação entre 2008 e 2013 (Aluno: Pierre Fernando Timm)
– Dissertação de Mestrado: Ocorrência de câncer e multimorbidade entre idosos brasileiros (Aluna: Bianca Machado de Ávila)
Coordenador: Bruno Pereira Nunes | Universidade Federal de Pelotas
A maior parte dos estudos sobre multimorbidade é realizada com a população idosa dado a relevância e alta frequência das doenças crônicas nesta faixa etária. Apesar disso, a multimorbidade também é frequente entre adultos jovens (≈20%). Compreender sua ocorrência e padrões pode ser relevante para estratégias de prevenção. Além disso, avaliar a ocorrência e as causas das desigualdades sociais na ocorrência de multimorbidade pode contribuir para a realização de ações mais efetivas para o manejo do problema. Com base no exposto, a proposta deste trabalho é avaliar através da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e promoção do Uso Racional de Medicamentos no Brasil de 2013-2014 (PNAUM) a ocorrência de multimorbidade, o padrão destas doenças e as desigualdades socioeconômicas entre adultos no Brasil.
– Dissertação de Mestrado: (Aluna: Ândria Krolow Costa) | Universidade Federal de Pelotas
Coordenador: Bruno Pereira Nunes | Universidade Federal de Pelotas
A organização nos serviços de saúde em rede guarda uma relação intrínseca com os objetivos da universalidade, equidade e integralidade. Nesse contexto, os serviços de urgência e emergência são fundamentais, funcionando com porta de entrada para o sistema. Entretanto, apresentam dificuldade para seu funcionamento, destacando-se a superlotação dos serviços, a qual pode ser explicada, em boa medida, pelo uso inadequado do serviço e reutilização frequente por parte de usuários. Apesar do conhecimento dessa situação, as informações sobre a temática são escassas no Brasil, especialmente com relação ao prognóstico após a utilização de serviços de urgência e emergência. Assim, este projeto objetiva avaliar a performance preditiva de diferentes algoritmos de machine learning para estimar o uso inapropriado dos serviços de emergência, mortalidade e reutilização dos serviços de emergência. Para isso, será realizado um estudo no município de Vitória-ES com 1.285 usuários do Pronto Atendimento da Praia do Suá. Quantificar e predizer esses eventos pode auxiliar na elaboração de estratégias de priorização de casos, no direcionamento para adoção de manejo clínico mais ampliado nos indivíduos com maior risco de desenvolvimento desses desfechos, além de ser útil para a organização do sistema de saúde. Espera-se com este estudo contribuir para a adoção de inovações em saúde que possam melhorar a efetividade do sistema, otimização de recursos e prevenção de eventos adversos para a população. Financiamento: CNPq.
Coordenador: Ana Paula Santana Coelho | UFES
A utilização dos serviços de saúde é uma medida indireta da equidade de um sistema de saúde. Uma pesquisa realizada em 2015 na Região Metropolitana de Manaus mostrou que mais de 70% dos adultos consultaram o médico e um em cada três consultou um dentista no último ano. Políticas de austeridade estão sendo implantadas no Brasil, com cortes orçamentários e redução da composição da equipe de saúde da família, entre outras agendas neoliberais. A prevalência do uso de serviços de saúde e o estado de saúde da população podem ter sido afetados, particularmente em regiões pobres e periféricas. Este projeto tem como objetivo estimar a prevalência do uso de serviços de saúde e estado de saúde em adultos residentes em Manaus.
Coordenador: Marcus Tolentino Silva | Universidade Federal do Amazonas
Os serviços de emergência são fundamentais na organização da rede de atenção à saúde. Não obstante, apresentam diferentes dificuldades para seu funcionamento. Entre essas, destaca-se a superlotação dos serviços a qual é, em boa medida, explicada pelo uso inadequado do serviço e reutilização frequente por parte de usuários. Apesar do conhecimento dessa situação, as informações sobre a temática são escassas no Brasil, ainda mais relacionada ao acompanhamento longitudinal dos usuários. Assim, este projeto objetiva avaliar a performance preditiva de diferentes algoritmos de machine learning para estimar o uso inapropriado dos serviços de emergência, mortalidade e reutilização dos serviços de emergência. Para isso, será realizado um estudo no município de Pelotas-RS com um pouco mais de 5 mil usuários do pronto socorro municipal. Caso o estudo seja bem-sucedido, pretende-se testar a aplicabilidade e aceitação do uso desses algoritmos na prática para auxiliar profissionais de saúde na tomada de decisão no contexto hospitalar. Diferentes estratégias de difusão dos conhecimentos serão utilizadas para aumentar a capacidade do estudo em produzir inovações para a organização do sistema e serviços de saúde. Financiamento: FAPERGS.
Coordenador: Bruno Pereira Nunes | Universidade Federal de Pelotas
A multimorbidade é um problema de saúde pública no Brasil devido sua alta frequência (mais de 60% entre idosos), efeito negativo em desfechos em saúde e dificuldade de manejo adequado devido à escassez de evidências cientificas robustas sobre o problema. Apesar do conhecimento dessa situação, as informações sobre a temática são escassas no Brasil, ainda mais relacionada ao efeito da multimorbidade no uso de serviços de saúde através da realização de análises capazes de predizer o uso de diferentes serviços de saúde. Assim, este projeto objetiva avaliar a performance preditiva de diferentes algoritmos de machine learning e estimar o efeito de padrões de multimorbidade no uso de serviços de saúde incluindo serviços de atenção primária, consulta médica, urgência e emergência e hospitalização. Para isso, serão analisados dados do Estudo Longitudinal de Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI) o qual, em 2015-16, entrevistou 9.412 idosos em todas as cinco macrorregiões do país. Caso o estudo seja bem-sucedido, pretende-se testar a aplicabilidade e aceitação do uso desses algoritmos na prática para auxiliar profissionais de saúde na tomada de decisão e classificação de risco em diferentes contextos do sistema de saúde. Estratégias de difusão dos conhecimentos serão utilizadas para aumentar a capacidade do estudo em produzir inovações para a organização do sistema e serviços de saúde. Financiamento: FAPERGS.
Coordenador: Bruno Pereira Nunes | Universidade Federal de Pelotas
Este estudo tem como base trabalho de pesquisa de delineamento transversal ocorrido na cidade de Pelotas, RS, no ano de 2014, com 1451 indivíduos de 60 anos ou mais. Em decorrência das peculiaridades da população idosa do sul país em comparação ao observado em outros locais do Brasil e do mundo, justifica-se a observação da ocorrência de desfechos relacionados à saúde na amostra já previamente estudada. A partir disso, será possível avaliar o impacto, de maneira temporalmente correta, de questões observadas no primeiro momento sobre a frequência e categorias de tais desfechos, bem como a mudança observadas nesses relacionadas ao processo de envelhecimento. O estudo teve um primeiro acompanhamento em 2016-7 e a terceira entrevista está ocorrendo em 2019. Em 2016-7 foram localizados e entrevistados 89,9% dos idosos, incluindo 145 óbitos. Estão previstas aproximadamente 1000 entrevistas no acompanhamento de 2019-20. Estão sendo avaliados longitudinalmente assuntos como sarcopenia, estado nutricional, multimorbidade, fragilidade, depressão, hospitalizações, atividade física, tabagismo, consumo alimentar, risco nutritional, saúde bucal, quedas e fraturas e capacidade funcional.
Coordenadora: Renata Moraes Bielemann | Universidade Federal de Pelotas
Estudo de coorte constituído a partir de estudo transversal de base populacional sobre a capacidade de resposta dos serviços de atenção primária à saúde na atenção domiciliar. Em 2008 foram entrevistados 1.593 indivíduos com 60 anos ou mais de idade residentes na área de abrangência dos vinte serviços de atenção primária à saúde da zona urbana do município de Bagé, RS. No acompanhamento realizado em 2016/ 2017, 83,9% dos idosos foram localizados, o que possibilitou a identificação da incidência de doenças crônicas não-transmissíveis, agravos e síndromes geriátricas e modificações na rede de apoio social. A coorte investiga a utilização de serviços de atenção básica à saúde, consultórios privados, ambulatoriais, atenção domiciliar, urgência, emergência e hospitalização. Constitui-se no primeiro estudo longitudinal brasileiro sobre envelhecimento com ênfase na atenção primária à saúde, com possibilidade de verificar o efeito da Estratégia Saúde da Família nos desfechos em estudo. Outro diferencial é a possibilidade de verificar a taxa de mortalidade e as principais causas de óbito entre os indivíduos expostos aos diferentes modelos assistenciais com destaque à importância da estratégia de saúda da família na promoção da equidade em um contexto de importantes desigualdades socioeconômicas.
Coordenadora: Elaine Thumé | Universidade Federal de Pelotas