Protesto contra o governo Temer reúne cerca de 600 pessoas em Pelotas

Cenário caótico na política nacional levou pessoas de todas as idades às ruas do município.

Por Mariana Hallal

Na última quarta-feira (17), o jornal O Globo divulgou uma informação que abalaria novamente o país: em delação, Joesley Batista, presidente da empresa JBS, revelou que teria gravado uma conversa com o presidente Michel Temer. “Tem que manter isso aí”, mandou o presidente se referindo ao repasse de 500 mil reais por semana para o ex-deputado Eduardo Cunha se manter calado na prisão. No mesmo depoimento, o empresário afirmou que o senador Aécio Neves pediu dois milhões de reais em propina para pagar sua defesa na operação Lava-Jato.

Protesto contra o governo Temer reuniu cerca de 600 pessoas em Pelotas (Foto: Marina Amaral).

 

       Diante deste quadro caótico em que o país se encontra, a “Frente em Defesa dos Serviço Público, das Conquistas Sociais e Trabalhistas” de Pelotas convocou um protesto para a noite dessa quinta-feira (18) na cidade. Cerca de 500 pessoas, segundo a polícia, reuniram-se no largo do Mercado Central de Pelotas e marcharam pelas ruas Andrade Neves e Marechal Floriano, no centro da cidade. Os manifestantes pediam a saída do presidente Michel Temer e a realização de eleições diretas para o cargo.

         As centrais sindicais e os partidos de esquerda marcaram presença no protesto. Fabiane Tejada, presidente da Associação dos Docentes da Universidade de Pelotas (ADUFPel), disse que estava no ato porque achou os últimos acontecimentos muito graves. “O povo brasileiro tem que se preparar e garantir que a gente possa ter mais democracia. Hoje, democracia significa a gente poder votar, principalmente nesse momento de crise”, avalia.

Centrais sindicais e partidos de esquerda estavam presentes no ato (Foto: Marina Amaral).

 

         Por ser em um local central, a manifestação atraiu transeuntes que não estavam planejando participar, como César Radtke, aluno de Filosofia da UFPel. “Eu estava indo para a aula, mas, vendo a manifestação na cidade, não tem como ir à aula. É preciso participar desse momento histórico. Ou a gente deixa a elite dominar, como tem sido nos últimos 500 anos do nosso país, ou mudamos essa história e começamos a transformar a sociedade”, afirma.

Foto: Marina Amaral.

         Figuras conhecidas no cenário político de Pelotas, como Felipe Eich, membro da União Estadual dos Estudantes do Rio Grande do Sul Livre (UEE Livre), e Jurandir Silva (PSol), discursaram contra o governo Temer e as reformas trabalhista e da previdência. A fala de Jurandir resumiu as reivindicações de todos que estavam presentes: “Queremos uma reforma política porque esse sistema eleitoral, sob o qual se organizam as eleições do Brasil, privilegia o poder econômico e as relações desonestas das grandes empresas com os partidos nacionais. Também queremos uma assembleia constituinte para que a gente possa derrubar as reformas aplicadas pelo Temer. Fora Temer!”, bradou Silva em cima do caminhão de som que acompanhava os manifestantes.

      O protesto ocorreu de forma pacífica e durou cerca de três horas.

Últimos Acontecimentos

        Depois da divulgação da delação premiada de Joesley Batista, o cenário político e econômico do país entrou em colapso. Na quinta-feira (18), um dia depois da notícia bombástica, houve uma forte queda na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). As negociações foram paralisadas por 30 minutos devido ao circuit breaker, que ocorre quando o Ibovespa cai mais do que 10%. O site da bolsa ficou fora do ar durante o período. A situação não ocorria desde 22 de outubro de 2008, quando a bolsa operou em queda de 10,18%.

As ações da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) caíram 20,4% em relação ao dia anterior, sendo a segunda empresa com maior desvalorização no dia – as ações mais desvalorizadas foram as da Eletrobras. Na delação divulgada pelo O Globo, Joesley revelou que parte da quantia pedida por Aécio Neves foi entregue a um primo dele, Frederico Pacheco de Medeiros, ex-diretor da Cemig, e um dos coordenadores da campanha do tucano à Presidência da República em 2014. Frederico foi preso na manhã do dia 18.

Em pronunciamento feito na quinta-feira (18), o presidente Michel Temer afirmou que não renunciará ao cargo e exigiu “investigações plenas e muito rápidas”.

Na sexta (19), o jornal  divulgou que o áudio da conversa entre o empresário Joesley e Michel Temer sofreu mais de 50 edições. O laudo foi dado por Ricardo Caires dos Santos, perito judicial do Tribunal de Justiça de São Paulo contratado pelo jornal.

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