Pó de Rocha: a matéria prima que pode valer ouro

Por Yago Moreira

Em tempos de crise, a regra é economizar. Porém, nem sempre é fácil encontrar alternativas que reduzam os custos do investimento e, ao mesmo tempo, mantenham a qualidade na produção. É por esse motivo que pesquisa agropecuária vem se tornando, ao longo dos anos, uma das grandes aliadas do produtor rural, pois além de desenvolver tecnologias que agridem cada vez menos o meio ambiente, promove soluções que refletem positivamente no bolso do investidor.

A agricultura brasileira sempre foi sinônimo de prosperidade e riqueza. No entanto, para manter essa produção abundante e rentável é necessário que o solo ofereça os nutrientes necessários para um bom desenvolvimento das culturas. De acordo com o pesquisador Carlos Augusto Silveira, da Embrapa Clima Temperado, no Rio Grande do Sul, o uso de fertilizantes ainda tem sido a principal escolha dos produtores para enriquecer o solo. Porém, ele explica que cerca de 70% dos insumos aplicados nas plantações, são importados de outros países e, por essa razão, surgiu a necessidade de apostar em um novo elemento nacional.

Ao longo de muitos anos, a pesquisa se dedicou a estudar os efeitos que os pós de rocha geravam sobre a agricultura. Com isso, descobriu-se que diversos tipos de minerações –  como pedras brita, pedriscos ou pedras de alicerce –, quando submetidas à rachões ou cortes, geram um pó que apresenta um enorme potencial de desenvolvimento para as lavouras.

No início de 2016, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) autorizou a produção e o comércio do pó de rocha. Desde então, esse material, que antes era desprezado pelas empresas, passou a exercer um papel fundamental nas plantações. De acordo com a pesquisa, a aplicação dessa matéria prima pode influenciar na diminuição da incidência de pragas e doenças, na melhoria da produtividade, no aumento da fertilidade dos solos e, principalmente, na produção de alimentos mais nutritivos.

Segundo dados do MAPA, outra vantagem em utilizar o pó de rocha é a sua disponibilidade em abundância e o baixo custo de compra. Para exemplificar, enquanto uma tonelada de fertilizante mineral custa em torno de 1,5 mil reais, a mesma quantidade de pó remineralizador varia entre 200 e 300 reais, levando em consideração despesas como taxa de aplicação e frete. Ou seja, uma economia de quase seiscentos por cento no orçamento dos produtores.

Carlos Augusto ressalta que a dependência, do país, por fertilizantes importados não irá acabar. Entretanto, será criado um nicho de mercado –  fiscalizado pelo ministério – em que o produtor interessado poderá adquirir e utilizar o pó de rocha, tanto sozinho, quanto em combinação com fertilizantes solúveis.

Com isso, o agronegócio está prestes a beneficiar-se de mais uma técnica de cultivo que além de rentável, abundante e de fácil acesso, está inteiramente presente em nosso país.

Foto: Yago Moreira

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