As declarações de Bolsonaro e o quão péssimas soam

Durante café com jornalistas, Bolsonaro novamente fez declarações polêmicas. Dessa vez, incluindo a promoção de turismo sexual no Brasil. Estudos apontam o quanto essa prática é um problema entre crianças e adolescentes no país.

O presidente Jair Bolsonaro faz constantes declarações homofóbicas e machistas. Imagem: Marcos Corrêa/Agência Brasil

Por Roberta Muniz

Na última quinta-feira (25), o presidente Jair Bolsonaro, durante um café com jornalistas, fez mais uma vez declarações homofóbicas e machistas que deixaram uma grande parcela da população indignada. O presidente que declara não ter ideia de porque o consideram um homem homofóbico, deu a seguinte declaração: “Em novembro de 2009 eu comecei a tomar pancada do mundo todo quando eu acusei o Kit Gay. Eu comecei a assumir essa pauta conservadora. Essa imagem de homofóbico ficou lá fora. Isso não prejudica investimentos. O pessoal quando fala em dinheiro. O Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay. Temos famílias”.

Ele que nega veementemente que tenha qualquer preconceito, para um homem que já declarou que não tem a ver com a vida privada de ninguém, parece que o senhor presidente dá muita importância sim, ao que os cidadãos fazem em sua privacidade. Presidente, dizer que não é homofóbico e diferir uma pessoa por isso, dizendo frases como esse é muita contradição, não é mesmo? 

E Bolsonaro não parou por aí em seus comentários polêmicos que dão o que falar. Na sua mesma linha de raciocínio acerca de turismo no país, declarou que “quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”. E por essa declaração, claro, foi criticado por apologia ao turismo sexual. É ruim o país “ser de mundo gay”, mas sexualizar e objetificar a mulher brasileira, aparentemente para Bolsonaro não é nenhum problema. Ou Jair apoia o turismo sexual ou tem muita ignorância ao desconhecer esse tipo de prática no seu próprio país.

O turismo sexual no Brasil

O turismo sexual é uma prática comum no país, mas dados recentes sobre o tema não são facilmente encontrados. Porém, de acordo com uma pesquisa exploratória: O Ambiente da Prostituição Ligado ao Turismo Brasileiro: Turismo Sexual ou Prostiturismo, realizada pelo professor de Marketing do Turismo do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza-São Paulo, Fernando Carrazedo Feijó, o turismo sexual está muito ligado à prática da prostituição. Infelizmente, sabemos que em muitas regiões do país, que lucram com o turismo, a prática da prostituição é presente e envolve crianças e adolescentes.

O estudo Mapeamento dos Pontos Vulneráveis à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Federais Brasileiras (Mapear) realizado pela Polícia Rodoviária Federal em parceria com a Childhood Brasil mostra dados que evidenciam o problema da prostituição infantil e que as principais rodovias brasileiras são pontos que concentram grande número de casos de exploração sexual.

O estudo que traz dados de 2017/2018 aponta que a BR-116, uma das rodovias que atravessa o país, é a que concentra o maior número de pontos de exploração sexual, com 114 encontrados. Outro dado de grande importância que o estudo trouxe foi que dos 10 estados com maior quantidade de pontos críticos de exploração, 80% deles aparecem no ranking das 10 unidades federativas com maior número de denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes. Essa violência sexual abrange abuso sexual, estupro, exploração sexual, exploração sexual no turismo, grooming, pornografia infantil, sexting, entre outros.

Além desses estudos que mostram a vulnerabilidade de nossas crianças e adolescentes quanto à exploração e ao turismo sexual, declarar que “quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”, é declarar que as mulheres brasileiras estão disponíveis, que a prostituição por aqui é algo natural. Em momento, que as mulheres lutam tanto por seus direitos e por respeito, essa declaração não é nada bem vista e muito menos bem-vinda. As mulheres do país não são atração turística.

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