A Libras no Brasil

Por Yasmin Benedetti

A língua brasileira de sinais (Libras) é um sistema linguístico de natureza visual motora com estrutura gramatical própria, utilizada pelas comunidades surdas, reconhecida em lei 10.436/02 e decreto 5.626/05. A gesticulação está associada aos sinais que representa, contudo vale ressaltar que a mímica é universal, e a Libras, ao contrário do que muitos pensam, possui sinais distintos, pois cada país, e até mesmo região, tem sinalizações diferentes.

Imagem: Divulgação

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A Libras permite a interação entre o surdo e o ouvinte, e segundo a lei sancionada em 2002, as instituições públicas, empresas concessionárias de serviços públicos de assistência a saúde, o sistema educacional federal, estadual e municipal devem garantir atendimento e tratamento adequados aos surdos. Contudo, esta não é a realidade na qual eles vivem. Por vezes, os surdos são forçados a se oralizar, negando, assim, a existência de sua língua e cultura próprias. O surdo é tratado como deficiente, definição considerada por eles como pejorativa, mas geralmente utilizada pela área médica.

A professora de Libras da UFPel e mestre em educação, Mayara Bataglin Raugust, afirma que pela área patológica e médica, o sujeito surdo nunca será chamado de surdo, mas de deficiente auditivo, em função de a medicina tentar buscar soluções para algo deficiente, ou seja a sociedade tem uma norma, padrão, e quem está fora deste padrão é visto como deficiente ou anormal. “A medicina foca nestas deficiências”, diz. No viés cultural, o surdo não se vê como deficiente, ele se considera apenas uma pessoa diferente, devido à distinção cultural e linguística. “Mesmo sem ouvir, o surdo é capaz de entender o mundo, compreender o que acontece ao seu redor e estabelecer relações através da sua língua”, afirma Mayara.

Alunos do curso de Libras (música e gastronomia) da UFPel, com a professora Mayara Bataglin Raugust (sentada na frente, à direita) - Imagem: Yasmin Benedetti

Alunos do curso de Libras (música e gastronomia) da UFPel, com a professora Mayara Bataglin Raugust (sentada na frente, à direita) – Imagem: Yasmin Benedetti

A Libras tem origem na Língua de Sinais Francesa, com maior parte dos seus estudos advindos da Europa e América do Norte, contudo os professores da área no Brasil esperam um crescimento das pesquisas pelos próximos anos. Na UFPel há vários cursos que disponibilizam a cadeira de Libras, como obrigatória ou optativa.

Mayara elucida a questão de nos cursos de licenciatura a Libras ser obrigatória, e em alguns cursos não. Ela diz ser importante a aprendizagem da Libras, pois aqueles que aprendem licenciatura podem vir a terem alunos surdos, e portanto, devem saber o básico para se comunicar com eles. Mas, ela ressalta: “só uma cadeira de libras não é o suficiente, porque uma língua tem suas especificidades e complexidades que um semestre não é capaz de dar conta”.

Ao contrário do que muitos pensam, a Libras não é difícil de se aprender, mas é preciso lembrar que é uma nova língua, portanto não deve ser comparada com o português ou tentar traduzi-la exatamente como falamos, pois encontraremos empecilhos. Embora ela tenha sido recentemente reconhecida, a comunidade surda no Brasil é grande, segundo o site surdo, são cerca de 5,7 milhões de pessoas surdas no país, com diferentes graus de surdez.

Graus de Surdez

Leve – entre 20 e 40 dB
Média – entre 40 e 70 dB
Severa – entre 70 e 90 dB
Profunda – mais de 90 dB
1º Grau: 90 dB
2º Grau: entre 90 e 100 dB
3º Grau: mais de 100 dB

Fonte: http://www.surdo.com.br/surdos-brasil.html

Vale ressaltar que o surdo não é deficiente. Ele pode conviver como qualquer outra pessoa, apenas tem uma língua própria e cultura diferente, mas como qualquer oralizado de diferentes regiões do estado.

 

Confira abaixo uma tabela com o alfabeto e os números em Libras

Imagem: Divulgação

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