Shadow

Alabardas, Alabardas!

alabardas

“Afinal, talvez ainda vá escrever outro livro. Uma velha preocupação minha (porquê nunca houve uma greve numa fábrica de armamento) deu pé a uma ideia complementar que, precisamente, permitirá o tratamento ficcional do tema. Não o esperava, mas aconteceu, aqui sentado, dando volta à cabeça ou dando-me ela voltas a mim. O livro, se chegar a ser escrito, chamar-se-á Belona, que é o nome da deusa romana da guerra. O gancho para arrancar com a história já o tenho e dele falei muitas vezes: aquela bomba que não chegou a explodir na Guerra Civil da Espanha, como André Malraux conta em L’Espoir.”

José Saramago

15 de Agosto de 2009

Anotação presente em Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas (2014)

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Embora estivesse, em sua primeira anotação, enganado a respeito da fonte de onde soube sobre a bomba que não explodiu em Milão, durante a Guerra Civil Espanhola – mais tarde, elucidado no texto de Fernando Gómez Aguilera, Um livro inconcluso, uma vontade consistente, presente na edição aqui referida -, Saramago apontou para esse norte aquele que foi o seu último projeto literário, infortunadamente interrompido por sua morte, em 2010. Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas, publicado pela Companhia das Letras em 2014, conta com textos de Fernando Aguilera, Luiz Eduardo Soares e Roberto Saviano, além de ilustrações de Günter Grass (o qual integra a capa do livro, imagem utilizada para o promocional do 24F, acima) e as anotações do próprio Saramago, transcritas de seus manuscritos. O enredo acompanha a vida de Artur Paz Semedo, empregado no setor de faturamentos em uma empresa de armamentos, a Belona S.A., em um relacionamento interrompido com sua companheira, Felícia, militante pacifista – cujo nome de batismo, emprestado de sua avó, fazia menção ao canhão utilizado para bombardear Paris na Primeira Grande Guerra, Berta – que, por coerência, decidiu separar-se do marido.

Em suas pouco mais de 50 páginas, o texto inacabado de Saramago traz uma informação interessante: uma lista de obras, que o narrador chama de “autêntico curso de estado-maior”, da pinacoteca pessoal de Paz Semedo. Essas películas, que retratam majoritariamente o cenário da Segunda Grande Guerra, foram o start para a criação de uma temporada do 24 Frames de Literatura exclusivamente sob a temática Literatura, Cinema e Guerra, utilizando-se dos elementos presentes em Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas para criar a sua sexta temporada, Alabardas, Alabardas. Os quatro módulos que compõem esse momento, inspirados no livro, contemplam a metodologia já estabelecida do 24F com algumas novidades, como os ambientes de brainstorming e as oficinas específicas de cinema adaptado. Os ciclo de debates, molde do qual nasceu o projeto, mantêm-se ativos, com dois módulos sobre, respectivamente, a Primeira Grande Guerra e suas antecessoras e Segunda Grande Guerra e suas sucessoras. As atividades começam dia 9 de abril, na Sala 1 do Lyceu Rio-grandense, com a vernissage de abertura do Cronograma 2016 do projeto. Os encontros são sempre abertos ao público, com entrada franca e sem inscrições.

Para mais informações, acesse fb.com/24framesdeliteratura.

O Cronograma completo encontra-se na aba “Temporada atual”.