Prevalência de Dioctophyme renale (Goeze, 1782) em cães de uma ONG do Sul do Rio Grande do Sul – Brasil

Você já parou para pensar qual é a prevalência de dioctofimatose em Pelotas? E como ela pode ser alta em uma Organização Não Governamental que reúne centenas de animais oriundos de toda a região de Pelotas?

O PRODIC, em parceria com o LADIC – UFPEL, realizou uma investigação ultrassonográfica em animais oriundos de uma ONG da região pelotense.

63 cães adultos foram examinados com ultrassonografia abdominal, urinálise e exames sanguíneos.

Foram encontrados SETE animais parasitados por D. renale, o que corresponde a 11,11% de todos os animais analisados. Seis animais tinha a parasitose renal, enquanto um deles tinha um verme livre na cavidade abdominal. TODOS animais com o rim direito afetado tinha hematúria (sangue na urina). Alguns apresentavam anemia, eosinofilia, leucocitúria e só três tinham ovos na urina. NENHUM tinha alterações na bioquímica renal, ou seja, ureia e creatinina estavam normais.Os animais foram tratados cirurgicamente, com ótima recuperação pós-operatória.

⚠️ Nem todos animais com vermes renais apresentaram ovos na urina;

Nenhum animal teve indicativos de insuficiência renal

⚠️A ultrassonografia abdominal foi eficaz no diagnóstico de parasitos renais e livres em cavidade abdominal

❗️ Os animais estudados eram oriundos de regiões endêmicas para D. renale, não domiciliados e com alimentação não seletiva, o que favorece a sua contaminação.

Para leitura completa deste artigo acesse: https://revistas.ufpr.br/veterinary/article/view/67468

Autoria: Pâmela Caye

Vamos falar sobre epidemiologia da dioctofimatose?

Epidemiologia é uma ciência que estuda causas e fatores diversos de doenças que acometem as populações, incluindo humanos e animais.

Comecemos no HOSPEDEIRO DEFINITIVO, ou seja, aquele que é infectado pelo verme adulto.  São representados pelos animais domésticos e silvestres (cão, gato, furão, lobo-guará, entre outros) que, ao consumir a larva infectante do Dioctophyme renale, desenvolvem este até a fase de maturidade sexual do verme.

O que é uma larva infectante? Bom, para isso, primeiro precisamos saber que, quando o verme adulto põe ovos fecundados, estes vão ao solo e, em áreas alagadiças, são consumidos por oligoquetas (minhocas), chamados HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS da dioctofimatose. Dentro da minhoca aquática, esse ovo se desenvolve em 3 estágios larvais. No terceiro estágio, ela tem a capacidade de causar a doença no hospedeiro definitivo.

Mas não acaba por aí!! Essas larvas de 3º estágio ainda podem ser consumidas por SAPOS, PEIXES e alguns outros animais. Como NÃO são os hospedeiros definitivos, essas larvas acabam se encistando, onde permanecem viáveis em vísceras e musculatura lisa dessas animais.

Mas peraí, se estes animais não são os hospedeiros definitivos, qual sua participação no ciclo da doença? Estes são os HOSPEDEIROS PARATÊNICOS, e representam uma importante fonte de transmissão. Ao consumir a carcaça desses animais de forma CRUA ou MAL COZIDA, a ingestão das larvas de terceiro estágio encistadas possibilita que o D. renale se perpetue e consiga chegar a fase adulta dentro do hospedeiro definitivo, sendo 90% dos casos representados por infecção no rim direito.

O fechamento do ciclo acontece quando há vermes machos e fêmeas, presentes nos rins, e ocorre postura de ovos e estes são eliminados pela urina diretamente no ambiente.

Outro ponto importante é o caráter de ZOONOSE da doença. “Zoonose” é uma doença que, em seu ciclo, inclui humanos e animais, afetados de modo igual e podendo a transmitir. A participação do ser humano, como HOSPEDEIRO ACIDENTAL, ocorre principalmente através do consumo indevido de larvas infectantes, presentes em HOSPEDEIROS PARATÊNICOS.

Autoria do resumo: Luã Iepsen

Dioctophyme renale em um gato com um rim supranumerário

Relato de caso de parasitismo por D. renale em rim supranumerário e na cavidade abdominal em um felino de três anos de idade e SRD.  Ocorrido em Canoinhas, Santa Catarina.

 

Durante a ultrassonografia abdominal foi observado no rim direito a presença de uma estrutura tubular compatível com D. renale e o rim esquerdo hipertrofiado. Nos exames pré-operatórios a ureia e creatinina estavam dentro dos valores de referência.

Foi realizada laparotomia onde na inspeção abdominal revelou-se um nematoide vermelho brilhante, livre na cavidade abdominal acima do duodeno. Foi observado na cavidade abdominal um exsudato marrom, inodoro, de caráter fibrinoso. Também foi realizada nefrectomia do rim direito parasitado.

A paciente veio a óbito por insuficiência cardíaca durante a cirurgia. Na necrópsia foi observado o rim esquerdo hipertrofiado e uma massa de consistência sólida no intestino ligada externamente ao ceco, essa massa apresentava tecido cortical e medular compatível com a pelve renal, confirmada por histopatologia.

Dentro desse rim supranumerário havia um D. renale fêmea de 19,5 cm de comprimento. Por conta dos três rins funcionais, mesmo com a cortical do rim direito comprometida, houve uma hipertrofia do rim esquerdo o que corroborou com os níveis de ureia e creatinina não se alterarem.

Esse caso mostrou a importância e eficiência da ultrassonografia para auxiliar no diagnóstico de dioctofimatose, além de serem incomuns os casos da parasitose em felinos.

Para leitura completa do artigo, acesse: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-29612014000100019#B03

Resumo: Rafaela Vieira Castro

Técnica para identificação de ovos de Dioctophyme renale em sílica de gatos!

 

Em 2018, nossa equipe apresentou os resultados preliminares de um estudo que preconiza a identificação de ovos de D. renale em amostras urinárias coletadas em sílica de gatos, vista a problemática da coleta de amostras de urina de forma não invasiva em felinos, que está intimamente relaciona aos seus hábitos higiênicos e a dificuldade de coleta, armazenamento e encaminhamento das amostras.

Foram empregadas as seguintes técnicas laboratoriais: centrífugo-flutuação em solução hipersaturada glicosada, com duas densidades: 1.230 e 1.330; flutuação espontânea em solução hipersaturada glicosada, com duas densidades: 1.230 e 1.330 e centrífugo-sedimentação, objetivando identificar o maior número de ovos de D. renale na sílica, em diferentes tempos, começando em 0h e finalizando-se em 336h, após a primária infestação, mantendo-se os conteúdos avaliados em temperatura ambiente até a suas leituras.

Com este estudo foi possível identificar que pela técnica de
centrífugo sedimentação haviam mais ovos para possível caracterização microscópica até 14 dias após início de contaminação amostral (336h).

A técnica de centrífugo flutuação, por dados preliminares, foi a mais efetiva neste estudo, podendo ser uma opção utilizada para fins diagnósticos futuros!

Este trabalho foi apresentado no Congresso de Inovação Tecnológica, vinculado  à 5ª SIIEPE da UFPel .

Por este trabalho, foi concedida a premiação pela apresentação e execução do mesmo, vista a importância do estudo!

Autoria: Tainá Evaristo

Dioctofimatose renal, abdominal e intraprostática em canino

 

No município de Ensenada, Buenos Aires, na Argentina, ao decorrer de um projeto voluntário intitulado “Por un barrio saludable”, foi diagnosticado um caso de Dioctophyme renale em um cão de três anos, com sinais de obstrução urinária parcial, anorexia, dor abdominal, disúria e hematúria.

Realizou-se hemograma completo, dosagem de creatinina e ureia séricas, além de ultrassonografia abdominal, que constatou nefromegalia em rim direito (9 cm x 4,6 cm), fluido anecoico livre na cavidade abdominal e retroperitoneal, linfonodos mesentéricos reativos, identificando presença de D. renale no bordo do lobo caudal e lateral direito hepático, livre em cavidade abdominal. Havia dilatação uretral 9,8 mm em região prostática, com prostatomegalia, evidenciando mais um exemplar de D. renale no interior da próstata, causando abcesso.

 

Em laparotomia exploratória, removeu-se 2 exemplares livres na cavidade (27 cm, fêmea; 15,5 cm, macho) e, mediante nefrectomia direita, foram removidos do órgão sete indíviduos, (73 cm; 48 cm; 46 cm; 45 cm; e 41 cm. – fêmeas; 23 cm; 15 cm – machos). No interior da próstata havia um exemplar macho, ocasionando abcesso, com 24,6 cm de comprimento.

 

 

Terapia pós-operatória consistiu: cefalexina, clindamicina, dipirona, sondagem vesical por 24h e, após 72h, se realizou hemograma e dosagem de ureia e creatinina, comprovando o restabelecimento dos valores fisiológicos paciente.

Este caso na Argentina demonstra a versatilidade de locais aos quais D. renale pode ser identificado nos hospedeiros definitivos.

Para leitura completa do artigo, acesse: http://sedici.unlp.edu.ar/…/Documento_completo.pdf-PDFA.pdf…

Dioctofimatose bilateral em canino

A preferência de D. renale pelo rim direito não é uma regra, como no caso do artigo a seguir, onde foi possível observar ambos os rins parasitados.

Uma cadela, SRD, de dois anos de idade e semi-domiciliada foi atendida no ambulatório do Ceval do Hospital de Clínicas Veterinárias da UFPel, com suspeita de corpo estranho intestinal, já que o animal apresentava desconforto abdominal, fezes sanguinolentas e anúria.

O hemograma evidenciou leucocitose com desvio a esquerda e elevação de ureia. No exame ultrassonográfico observou-se alteração em ambos os rins, que apresentavam dimensões aumentadas e contorno irregular, assim como estruturas tubulares com paredes hiperecogênicas que sugeriam o parasitismo por D. renale. O rim esquerdo, ainda, apresentava perda de relação córtico-medular, mas a pelve renal continuava preservada.O animal foi à óbito antes de ser encaminhado para nefrectomia e remoção dos parasitos.

Na necropsia observou-se omento enegrecido e rins esbranquiçados e amolecidos. Rim direito apresentava ausência do parênquima, abundante presença de exsudato sanguinolento e quatro parasitos fêmeas. O rim esquerdo apresentava um parasito macho em sua pelve e aderência e espessamento da capsula renal com hemorragia subcapsular. A bexiga possuía conteúdo pastoso e escuro.

Foram encontrados dois parasitos machos livres, um na cavidade abdominal, próximo ao rim direito, e o outro na cavidade torácica. No parênquima pulmonar havia dois nódulos vermelho enegrecidos, e múltiplos nódulos esbranquiçados no diafragma.

Na análise histopatológica, o rim direito contava com redução do número de glomérulos e túbulos renais, nefrite caracterizada por infiltrado de células mononucleares, fibroplasia intensa e difusa e metaplasia óssea multifocal em áreas da capsula renal. O rim esquerdo apresentava proliferação de tecido conjuntivo fibroso na pelve renal. Ainda se observou peritonite piogranulomatosa. Ovos de D. renale foram encontrados em ambos os rins, luz e parede da bexiga e ureteres e, também, no parênquima pulmonar.

 

 

 

 

 

 

 

 

Este trabalho demonstra como a dioctofimatose pode ser grave e que a região sul do Rio Grande do Sul apresenta condições favoráveis para a ocorrência da parasitose.

As informações e imagens foram removidas do seguinte trabalho:

Dioctofimatose renal bilateral e disseminada em cão

Carolina F. Sapin, Luisa C. Silva-Mariano, Luisa Grecco-Corrêa, Josaine
C.S. Rappeti, Luana H. Durante, Soliane C. Perera, Marlete B. Cleff
e Fabiane B. Grecco
Pesq. Vet. Bras. 37(12):1499-1504, dezembro 2017
DOI: 10.1590/S0100-736X2017001200022
Para acessar este trabalho: https://www.scielo.br/scielo.php…

 

Autores do resumo: Eduardo Gonçalves e Michaela Rocha.

 

Meu pet tem dioctofimatose! E agora?

O tratamento mais eficaz para o verme gigante do rim é a sua remoção cirúrgica, pois ainda não há vermífugo eficaz para o tratamento da dioctofimatose. Para a remoção do verme, pode ser realizada a nefrectomia, onde ocorre a remoção do rim afetado, ou nefrotomia, quando se remove apenas o verme e o rim continua no paciente, dependendo da gravidade da lesão do rim afetado.
O verme também pode ser encontrado em outras regiões do corpo do animal, quando realizada uma migração errática. Ainda assim, o tratamento é cirúrgico, se retirando apenas o verme do local onde ele se encontra.

 

Como os animais pegam dioctofimatose?

Você sabe o que é dioctofimatose?

 

Não?

Não tem problema! Estamos aqui para lhe explicar detalhadamente!

A dioctofimatose, também chamada dioctofimose ou simplesmente “doença do verme gigante do rim” é uma doença parasitária que acomete, principalmente, cães, gatos e alguns carnívoros silvestres. Um aspecto interessante que destaca esta doença é o seu caráter zoonótico, ou seja, a capacidade de afetar também os seres humanos!

 

 

 

O parasito causador dessa doença se chama Dioctophyme renale e é conhecido como “verme gigante do rim”. Isso porque, na grande maioria dos casos, o verme se instala no rim direito dos animais. Mas tem mais!! Em alguns casos, pode ocorrer o que chamamos de “ciclo errático” e o parasito se instala em diversos locais anatômicos, já tendo sido relatado em ambos os rins, na cavidade abdominal, na cavidade torácica, glândula mamária, escroto, musculatura abdominal e um relato até em canal medular da coluna vertebral!

 

A maior preocupação nesta doença é que o parasito consome TODO o tecido funcional do rim onde se instala, levando à disfunção total do órgão. Ou seja, destrói o rim! Por causa disso, o paciente pode se apresentar apático (sem energia), com dor abdominal (demonstrado por reclamação ao toque) e com hematúria (sangue na urina). Porém, alguns animais podem se apresentar totalmente assintomáticos (sem nenhum sinal clínico) e apenas podemos diagnosticar através de exames complementares, como os exames de urina e ultrassonografia.

Por isso nós do PRODIC nos empenhamos em difundir conhecimento sobre esta importante doença.

Dúvidas? Pergunta pra gente!

Autoria: Luã Iepsen

Prodic na Fenadoce 2019

Pesquisa e extensão realizadas pelo PRODIC foram divulgadas pela prof. Dra. Josaine Rappeti e seus alunos, Pâmela Caye – residente de clínica cirúrgica do Hospital de Clínicas Veterinárias – e Luã Borges Iepsen – graduando de Veterinária. Segundo a Prof.ª Josaine, o grupo Prodic, criado em 2012, envolve alunos de todos os níveis: graduação, pós-graduação e residência e, inclusive, pós-doutorado. O grupo, por um lado, desenvolve investigação sobre o parasito que dá nome ao trabalho, e por outro, preocupa-se com a divulgação que o verme provoca, a Dioctofimatose. A importância do parasito, popularmente conhecido como “Verme Gigante do Rim”, está nesta doença que acarreta a destruição do rim do hospedeiro, cão ou gato e como zoonose, pode atacar a saúde humana.

Josaine destacou o surpreendente dado de que Pelotas e região é a zona com maior número de casos positivos diagnosticados no mundo. A informação que a Prof.ª ressalta é de que a infecção não ocorre através do cão e do gato, e sim pela ingestão de peixes de água doce ou rãs e sapos contaminados, ou, ainda, da própria água contaminada. A apresentação do grupo, portanto, é de interesse da população em geral, sobretudo porque vivemos em uma região de muita pesca, com áreas de alagamento e imensa quantidade de cães errantes e semi-domiciliados, que acabam tendo papel fundamental na disseminação da doença através da eliminação dos ovos desse verme pela urina.

Desse modo, a informação veiculada pelos estudantes em locais de grande circulação de pessoas, como a Fenadoce, objetiva tornar a doença, suas formas de infecção e de prevenção conhecidas, além de indicar como é possível reconhecer nos animais os sinais clínicos. Para atingir o objetivo, o aprendizado de como se comunicar com um público não especializado é importante e o trabalho de extensão acaba desenvolvendo esta habilidade nos alunos. E, considerando que a comunicação se estabelece de muitos modos e com diferentes meios, os estudantes acabam gerando recursos criativos que aproximam o conteúdo e favorecem a compreensão do que está sendo apresentado.

 

O Prodic pode ser acessado pelo Facebook, Instagram e no site da UFPel.