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Turma 2011

CRIADOS DE SERVIR: ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA
NA CIDADE DO RIO GRANDE (1880-1894)

Ana Paula do Amaral Costa

Resumo: Esta dissertação investiga o trabalho dos criados de servir na cidade do Rio Grande nos anos de 1880 a 1894. Para atender os objetivos da análise e compreensão dos mecanismos de controle sobre estes trabalhadores as fontes foram variadas, tendo o Regulamento de Locação do Serviço de Criados e Amas de Leite e o Livro de Registro da Conduta dos Criados de Servir e Amas de leite como principais fontes. Este regulamento era uma forma de controle sobre a vida e o trabalho dos criados de servir, vigorando na cidade do Rio Grande de 1887 a 1890 e de 1893 a 1894. O controle passou a ser intenso na época da abolição, pois o principal alvo era a população negra egressa da escravidão e seus descendentes. Mas os criados resistiram à disciplina do trabalho. A respeito das lutas dos trabalhadores pela liberdade e dignidade de trabalho, as fontes citadas juntamente com os artigos de jornais possibilitaram observar uma interrupção na política de disciplinamento imposta pela regulamentação, dirigida aos trabalhadores do setor doméstico. Essa interrupção ocorreu por uma tentativa de organização dos criados de servir negros contra a utilização de uma regulamentação de serviço que feria o direito a liberdade, adquirido com a lei de 13 de maio de 1888. Observou-se que estas lutas dos criados de servir e dos demais trabalhadores negros pelo direito a liberdade no imediato pós-abolição, geraram um sentimento de pertencimento à cor.

Palavras-chave: escravidão, Rio Grande, criados de servir, estratégias de sobrevivência.

Banca: Lorena Almeida Gill (UFPel, orientadora), Aristeu Elisandro Machado Lopes (UFPel), Beatriz Ana Loner (UFSM) e  Henrique Espada Rodrigues Lima e Filho (UFSC)

Data da defesa: 19/04/2013

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UM FRANCÊS NO INTERIOR PAULISTA: PAUL DELEUZE
E O CASO DA SÃO PAULO NORTHERN RAILROAD COMPANY (1909 – 1916)

André Luiz da Silva

Resumo: Utilizando uma metodologia baseada na micro-história, esta pesquisa volta-se para os bastidores da falência, liquidação e compra da Estrada de Ferro Araraquara (EFA) pela São Paulo Northern Railroad Company (SPNRC), rastreando a rede de interações entre os diversos personagens envolvidos com a ferrovia e com Paul Deleuze, presidente da SPNRC. Após um profundo estudo historiográfico constatou-se que o envolvimento de Deleuze com a EFA está diretamente relacionado a um empréstimo realizado por um grupo de investidores que, em 1909, adquiriu mais da metade das ações da ferrovia araraquarense. Por meio de um procurador, os administradores da EFA estabeleceram um acordo com o banco alemão L. Behrens & Sohne. O empréstimo foi realizado a partir de dados pouco condizentes com a real situação financeira da ferrovia, então já endividada. Com o empréstimo o passivo da ferrovia aumentou consideravelmente e como já vivenciava problemas financeiros anteriores, veio a falir em 1914. Neste meio tempo, os diferentes grupos interessados no controle da EFA entraram em disputas judiciais relativas às supostas irregularidades cometidas pelos diretores da estrada de ferro e pelo banco alemão na emissão das debêntures. A Primeira Grande Guerra tornou-se um obstáculo para que os portadores de debêntures pudessem ter uma participação direta na liquidação da EFA, sendo que o banco L. Behrens & Sohne utilizou-se deste fator para conduzir diretamente o processo de liquidação da ferrovia. Paul Louis Joseph Deleuze, banqueiro e advogado, presidente de um banco com sede nos EUA e filial em Paris, era um dos debenturistas. Articulando-se com os demais portadores de obrigações e em seguida com os banqueiros alemãs, fundou nos EUA a empresa São Paulo Northern Railroad Company, vindo para o Brasil como parte da estratégia dos banqueiros alemães em contornar a possível anulação do empréstimo e reduzir os direitos dos debenturistas. A presente dissertação é um estudo a respeito das estratégias de Paul Deleuze e outros personagens envolvidos na falência, liquidação e compra da Estrada de Ferro Araraquara entre 1909 e 1916.

Palavras-chave: Estrada de Ferro Araraquara, Paul Deleuze, São Paulo Northern Railroad Company, Oeste Paulista.

Banca: Márcia Janete Espig (UFPel, orientadora), Aristeu Elisandro Machado Lopes (UFPel), Henry Marcelo Martins da Silva (UFMS), Pedro Geraldo Tosi (UNESP)

Data da defesa: 20/03/2013

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“E NON DITE CHE DIPINGEVA COME UN UOMO”: HISTÓRIA E LINGUAGEM
PICTÓRICA DE ARTEMÍSIA LOMI GENTILESCHI ENTRE AS DÉCADAS
DE 1610 E 1620 EM ROMA E FLORENÇA

Cristine Tedesco

Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo principal entender a complexa relação entre a vida e a obra de Artemísia [Lomi] Gentileschi (1593-1654). O estudo privilegia os primeiros tempos de atuação da jovem pintora, principalmente em Roma e Florença. Selecionamos dois principais tipos de fontes para fazer este trabalho, escritas e imagéticas. A análise das imagens foi realizada ao mesmo tempo em que estudamos os interrogatórios do processo crime Stupri et lenocinij Pro Curia et Fisco,em que Agostino Tassi é acusado de desvirginar forçadamente Artemísia, durante o ano de 1611. Realizamos uma investigação atrelada às discussões de gênero, pois entendemos que o feminino e o masculino são construídos pela cultura e que as identidades subjetivas de homens e mulheres possuem origens sociais, as quais se relacionam de forma complexa e tensa. (SCOTT, 1990). Destacamos que a presente pesquisa é norteada pelo método de redução de escala na análise historiográfica, empregada por Michel Foucault (1991) e também muito trabalhada nos estudos de Carlo Ginzburg (2006). Sobre a análise das imagens, nos filiamos à metodologia de Luigi Pareyson (1997). Segundo o autor, “[…] a obra reimerge na história: longe de reduzir-se a um simples momento do fluxo temporal, é capaz de, ela própria, produzir história […]”. (PAREYSON, 1997, p. 133). Mesmo silenciada por uma historiografia androcêntrica, Artemísia pintou figuras humanas que superam não só o pai, mas muitos outros artistas de seu tempo. O desvirginamento forçado, os exames ginecológicos, a tortura, o casamento arranjado entre um homem endividado e seu pai, os percalços de uma mulher que anseia a inserção no mundo masculinizado das artes são questões importantes da vida de Artemísia e da conjuntura analisada pela pesquisa. Artemísia construiu uma linguagem anticonformista do ponto figurativo e estilístico, pintou na maioria de suas obras a intensidade de uma rede de poder patriarcal que a artista percebia em seu cotidiano.

Palavras-chave: Artemísia Lomi Gentileschi, Gênero, História, Imagens

Banca: Rejane Barreto Jardim (UFPel, orientadora); Elisabete da Costa Leal (UFPel), Larissa Patron Chaves (UFPel), Celso Bordignon (MUSCAP)

Data da defesa: 18/03/2013

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SAINDO DOS TRILHOS: OS FERROVIÁRIOS RIOGRANDINOS DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR (1960 – 1970)

Lidiane Elizabete Friderichs

Resumo: Esse estudo analisará como o movimento operário/sindical ferroviário da cidade do Rio Grande/RS se organizava anterior e posteriormente ao golpe civil-militar de 1964. Tendo como objetivo principal, entender como a Ditadura afetou a organização desses trabalhadores e como eles estruturaram suas ações sindicais após a implantação desta.

Palavras-chave: História. Ditadura civil-militar, Trabalhadores ferroviários, Repressão, Oposição, Rio Grande.

Banca: Edgar Ávila Gandra (UFPel, orientador), Enrique Serra Padrós (UFRGS), Beatriz Ana Loner (UFSM)

Data da defesa: 08/04/2013

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NARRATIVA E REPRESENTAÇÃO NOS QUADRINHOS: A RESTAURAÇÃO MEIJI (1868) NOS MANGÁS

Luiz Carlos Coelho Feijó

Resumo: Relativamente recentes no Brasil, os mangás conquistaram fãs de diversas idades e gêneros através de títulos como Dragon Ball e Dragon Ball Z, Samurai X, One Piece entre outros. Muitas de suas histórias possuem fundo histórico ou fazem referência a partes da história japonesa, principalmente os de samurais e shinobis (ninjas), o que acabou despertando o interesse de leitores brasileiros, acostumados até então com histórias ocidentais que em sua grande maioria eram puramente ficcionais. Toda esta notoriedade adquirida pelos mangás no Ocidente chamou a atenção de estudiosos ocidentais, dentre os quais citam-se Sonia Bibe Luyten (2000); Paul Gravett (2006) e Robin Brenner (2007), levando-os a realizarem pesquisas que vão do surgimento dos mangás ao papel exercido por eles na cultura japonesa atual. Levando isto em consideração, este estudo tem por finalidade observar como três mangakás (Nanae Chrono, Hideaki Sorachi e Nobuhiro Watsuki) se utilizam de suas obras para transmitir a seus leitores a sua visão sobre determinados eventos ocorridos na Restauração Meiji, seja através da narrativa ou da representação de personagens históricas inseridas em suas tramas.

Palavras-chave: Mangá, Imagem, Bakumatsu, Restauração Meiji, História japonesa.

Banca: Aristeu Elisandro Machado Lopes (UFPel, orientador), Fábio Vergara Cerqueira (UFPel), Nádia da Cruz Senna (PPG em Artes Visuais/UFPel)

Data da defesa: 06/05/2013

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NAS ASAS DO VAPOR… CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO FERROVIÁRIO EM PELOTAS/RS (FIM DO SÉC. XIX – INÍCIO DO SÉC. XX)

Maira Eveline Schmitz

Resumo: O presente trabalho possui por tema a ferrovia na cidade de Pelotas, no período específico de 1884, momento da inauguração da Estrada de Ferro Rio Grande – Bagé e da estação ferroviária pelotense, até as primeiras décadas do século XX – entre os anos de 1910 e 1920. O objeto central da pesquisa são as relações e os conflitos sociais que vieram com os trens e ultrapassaram o espaço da estação, construindo o que pode ser chamado de “espaço ferroviário urbano”. O foco, assim, direciona-se para a elaboração visual e para a constituição de sociabilidades específicas nestas espacialidades. Para a elaboração deste trabalho, a análise ocorreu, principalmente, por meio de jornais e fotografias que representassem o espaço da ferrovia no período, somados a relatórios e regulamentos técnicos, correspondências e memórias escritas. Em relação à metodologia com as imagens, partindo de trabalhos como de Ana Maria Mauad e Zita Possamai, dividiu-se as fontes em categorias temáticas; após, seguindo as contribuições de Canabarro, optou-se por um esquema de análise que focaliza os diversos planos de uma imagem, seja em relação ao que está representado, ou aos sentidos que a representação evoca; por fim, a linha interpretativa teórico-metodológica principal partiu dos três focos sugeridos por Ulpiano Bezerra de Meneses, ao pensar a relação da história com as imagens: o visual, o visível e a visão. Em relação aos periódicos, seguiu-se na linha interpretativa de Tânia Regina de Luca. De certo modo, o tratamento dos periódicos não diferiu muito daquele dado às imagens, sendo também classificados por categorias temáticas, para após prosseguir com uma análise centrada na forma como as narrativas eram expostas e no seu conteúdo.

Palavras-chave: Estrada de Ferro do Rio Grande a Bagé, Pelotas, Visualidade, Sociabilidade.

Banca: Elisabete da Costa Leal (UFPel, orientadora), Larissa Patron Chaves (UFPel), Marluza Marques Harres (UNISINOS)

Data da defesa: 15/03/2013

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A REPRESENTAÇÃO DO MOVIMENTO SUFRAGISTA NA IMPRENSA RIO-GRANDINA 1930-1934.

Maria do Carmo Pinto Arana de Aguiar

Resumo: A ausência de debate sobre o movimento sufragista no interior do estado do Rio Grande do Sul nos motivou a propor a presente discussão e analisar a representação do movimento sufragista na imprensa rio-grandina através do Jornal Echo do Sul e O Tempo entre os anos de 1930 a 1934. O recorte temporal 1930-1934 se justifica por ser um período conturbado politicamente dentro da história do Rio Grande do Sul e do Brasil, mas principalmente pelo acirramento das reivindicações pelo voto feminino até sua legalização na Constituição de 1934. O presente estudo se foca na cidade do Rio Grande onde ocorreram várias mudanças significativas na sociedade, devido à industrialização crescente que vinha ocasionando mudanças no cotidiano citadino. Essas mudanças foram sendo sentidas ainda nas primeiras décadas do século XX, quando durante a Grande Guerra ocorreu a necessidade de inserção da mulher no mercado de trabalho. A industrialização e o contexto permeado pela guerra forçou muitas mulheres a ingressarem rapidamente no espaço público. Essa inserção nas fábricas acabou por acelerar a formação dos movimentos em prol dos direitos femininos. A maior participação das mulheres no ambiente público, antes negado a elas, colocou-as em evidência, ao mesmo tempo em que possibilitou a formação de organizações politizadas que vieram a reivindicar direitos políticos, como o voto.

Palavras-chave: Movimento sufragista, imprensa, feminismo.

Banca: Elisabete da Costa Leal (UFPel, orientadora), Edgar Ávila Gandra (UFPel), Clarice Gontarski Speranza (UFPel)

Data da defesa: 17/07/2013

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O MOVIMENTO ESTUDANTIL UNIVERSITÁRIO EM PELOTAS DURANTE A REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL (1978- 1985): MEMÓRIAS DE ATUAÇÕES CONTRA A DITADURA

Marilia da Rocha Hofstätter Pohndorf

Resumo: O estudo trata das formas de atuações do Movimento Estudantil universitário em Pelotas contra a ditadura civil-militar brasileira, durante o período que abrange o processo de redemocratização política do país (1978 – 1985). Pretendemos compreender a complexidade dos militantes estudantis e as questões que emergiram na agenda política do Movimento, contextualizada ao período de reabertura, o qual mostrou ser a última faceta do governo ditatorial. O Movimento Estudantil, ao longo da ditadura civil-militar brasileira, manifestou-se de diferentes maneiras pelas liberdades democráticas. Assim, consideramos os conceitos de memória e identidade do Movimento Estudantil, como se deram suas ações de luta no cenário da cidade de Pelotas e as relações internas nas universidades em análise (Universidade Federal de Pelotas e Universidade Católica de Pelotas). Por meio de entrevistas realizadas sob a metodologia de História Oral, buscamos verificar a reorganização e as mudanças alcançadas no Movimento Estudantil diante do objetivo de alcançar um novo cenário político e social, no qual obtivessem a possibilidade de discutir questões de ordem diversa, porém atreladas ao ideal de liberdade, tão sufocado durante a repressão ditatorial.

Palavras-chave: Movimento Estudantil, História Oral, Pelotas, Redemocratização.

Banca: Edgar Ávila Gandra (UFPel, orientador), Lorena Almeida Gill (UFPel), Enrique Serra Padrós (UFPel), Silvio Roberto Stefano (UNICENTRO)

Data da defesa: 27/05/2013

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DA VILA DOM BOSQUINHO AO BAIRRO CIDADE DE ÁGUEDA:
UM PROCESSO DE REMOÇÃO RELATOS DE MORADORES
DO MUNICÍPIO DO RIO GRANDE/RS (2004-2012)

Susan Lauren Zille Machado

Resumo: Este estudo tem por objetivo investigar o processo de remoção dos moradores da Vila Dom Bosquinho para o Bairro Cidade de Águeda, no município do Rio Grande. A partir das lembranças compartilhadas pelos moradores, busca-se analisar práticas e condutas que possibilitaram averiguar a existência ou não de identificação com o novo bairro em que vivem. Para a presente dissertação é importante considerar que Rio Grande foi a primeira localidade do país a ser contemplada com projetos habitacionais incentivados pelo Governo Federal, por meio da Caixa Econômica. Logo, o Cidade de Águeda além de ser o mais recente bairro instituído no município, apresenta estrutura peculiar, já que compreende habitações ilegais precedentes às das residências financiadas pelos projetos habitacionais, o Programa de Subsídio à Habitação e o Morar Melhor. Além disto, atualmente são frequentes as invasões de pessoas que buscam um espaço para viver com suas famílias, fato que ocorre simultaneamente à época da dita ―explosão de progresso‖ advinda com a instalação do polo naval para a construção de plataformas de extração de petróleo, previstas para no mínimo até o ano de 2015. Trata-se de um modelo de desenvolvimento que explora intensamente as áreas centrais da cidade com o turismo, o comércio e o lazer, e relegam as periferias para a margem das benesses provenientes daquele espaço. Neste sentido, se tratando de uma pesquisa em História do Tempo Presente norteada pelo suporte metodológico da História Oral Temática Híbrida, o recorte temporal selecionado se estende de 2004, ano de início das remoções, a 2012, data em que finda os prazos pré-estabelecidos de entrega dos resultados obtidos.

Palavras-chave: Projetos Habitacionais, Vila Dom Bosquinho, Bairro Cidade de Águeda, Município do Rio Grande, História Oral.

Banca: Lorena Almeida Gill (UFPel, orientador), Edgar Ávila Gandra (UFPel), Sidney Gonçalves Vieira (PPG em Geografia/UFPel), Adriana Kivanski de Senna (FURG)

Data da defesa: 19/03/2013

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GENTE DA NOITE: CULTURA POPULAR E SOCIABILIDADE NOTURNA
EM PELOTAS, RS (1930-1939)

Thaís de Freitas Carvalho

Resumo: O presente estudo discute a noite pelotense de 1930 a 1939, com ênfase nas sociabilidades noturnas ligadas à cultura popular desse período. A escolha da década de 1930 do século passado refere-se à conjuntura de urbanização e modernização da cidade de Pelotas, percebida na análise do desenvolvimento do espaço urbano, eletrificação e dinamização das atividades culturais. Torna-se evidente a relação da cidade e seus habitantes com concepções e noções de comportamento ligadas aos ideais de modernidade e civilidade, os quais carregavam elementos de normatização que serviam ao surgimento de um capitalismo voltado ao consumo. O confronto entre estes novos padrões de convivência social e os velhos valores herdados de um modo de vida rural, é contemplado neste trabalho por meio da análise das sociabilidades noturnas presentes nesse universo popular. O tempo noturno, escolhido por privilegiar o domínio dos trabalhadores sobre seu tempo, revela esses e outros traços de uma cultura popular que mostra-se efervescente e singular, estabelecendo trocas e intercâmbios não só com o Brasil – levando-se em conta a política getulista, vigente no período, de aproximar os estados brasileiros por meio da cultura popular -, mas também com outros países que fazem fronteira com o Rio Grande do Sul e com a região de Pelotas. Partindo das declarações e depoimentos contidos nos inquéritos policiais e processos criminais do período, torna-se possível visualizar a vitalidade de uma noite popular que transitou pelas ruas e recheou o espaço urbano com seus encontros, seus conflitos e seus amores. Com o intuito de dar alguns passos no sentido de preencher esta lacuna na História de Pelotas, propõe-se aqui a discussão do tema “noite popular”, para que a cidade dos casarões e charqueadas também seja conhecida por seus notívagos, os quais, de geração em geração, dão vida à noite pelotense até os nossos dias.

Palavras-chave: Noite, Sociabilidade, Cultura popular.

Banca: Elisabete da Costa Leal (UFPel, orientadora), Adhemar Lourenço da Silva Júnior (UFPel), Mario de Souza Maia (UFPel), Márcia Ramos de Oliveira (UDESC)

Data da defesa: 04/07/2013