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Glossário – Imaginário e Simbólico

Glossário do Imaginário

Dr.ª Lúcia Maria Vaz Peres (Líder do Grupo)
lp2709@gmail.com

Glossário – Imaginário e Simbólico
 

Alegoria – representação de uma idéia, por meio de outra que com ela tem relação próxima.

Figuração – personificação – metáfora – parábola – a palavra deriva-se do grego állos, outra coisa +  agareyo, dizer = dizer uma coisa por outra. A alegoria pode ser objeto da literatura, da retórica ou da arte (pintura, escultura). Na arte, consiste, as mais das vezes, em personificação de idéias  imateriais ou abstratas, como a representação da ciência, da fé, da sabedoria, da amizade etc.

Em retórica e literatura, a alegoria é, por assim dizer, um desdobramento da metáfora, sendo, no entanto, mais geral e completa do que esta no que diz respeito à figuração.

Alteridade – Trata-se da realização do nosso si-mesmo, no que temos de mais pessoal. Em uma frase: realização que encaminha a unicidade de cada Ser na sua própria existência. É a forma de nossa unicidade última e irrevogável.

Arquétipo – Segundo C. G. Jung, psicólogo e psicanalista suíço (1875-1961), imagens psíquicas do inconsciente coletivo que são patrimônio comum a toda a humanidade. O arquétipo é um elemento puramente formal, apenas com possibilidade de preformação, ou seja, forma de representação ancorada no a priori do desenvolvimento humano. Ele não se propaga, de forma alguma, apenas pela tradição, pela linguagem e pela migração, mas podem renascer espontaneamente em qualquer lugar e tempo. É como dizer que em cada psique, há prontidões, potencialmente vivas. Formas que embora inconscientes, não são, por isso, menos ativas e, geralmente, moldam de antemão e instintivamente o pensar e o sentir humano. Daí a idéia de inato e hereditário (embora tese esta bem atenuada por Jung quando ressalva: … se herda a possibilidade), onde estão contidos símbolos com significações distintas. Portanto, em si o arquétipo é desprovido de significado.

Arquétipo Central – Compõe o espectro de símbolos que se encontram mais polarizados em determinadas situações, culturas e tradições. Por exemplo, Cristo na cultura e tradição cristã, é o símbolo da mediação entre o céu e a terra, entre Deus-Pai e os homens pecadores. Sem pretender entrar na tese da realidade histórica do Cristo, nem tampouco a da realidade dogmática do verbo encarnado, (…) muitos autores viram no Cristo a síntese dos símbolos fundamentais do universo: o céu e a terra, por suas duas naturezas -divina e humana; o ar e o fogo, por sua ascensão e sua descida aos infernos … (Chevalier e Gheerbrandt, 1994, p. 304). Nesse sentido, o arquétipo central, em nós, é o centro para onde mais convergem nossas ações, nossos valores e nossas concepções.

Arquétipo matriarcal – É o arquétipo com significação feminina, embora não deva ser entendido apenas no plano biológico. É preciso ser entendido num plano mais amplo, uma vez que a alma humana compõe a combinação dos princípios masculino e feminino: Nefesh (princípio masculino) e Chajah (princípio feminino) dão a plena significação da alma viva (Chevalier e Gheerbrandt, 1994, p.598). Jung traduziu como animus (tendência masculina na mulher) e anima (tendência feminina no homem). O arquétipo matriarcal atua com dois aspectos: construtivos e destrutivos. É um arquétipo construtivo quando ajuda o outro a crescer, a discriminar-se através do carinho, da compreensão, da dedicação que liberta, e acima de tudo, usa a intuição como ferramenta de gerar e acessar ao outro novos caminhos. E, torna-se destrutivo quando não ajuda o outro se discriminar amarrando-o no resíduo arquetipal de tudo o que os homens viveram desde os mais remotos inícios, o lugar da experiência supra individual (a mãe em nós). Devido à superioridade relativa que procede de sua natureza impessoal e da sua qualidade de fonte, ele pode voltar-se contra o consciente nascido dele, e destruí-lo (op. cit. p 582).

Arquétipo patriarcal – Seu princípio Nefesh ou animus junguiano, simboliza a geração, a posse e a dominação. Figura que dá as leis; fonte da instituição ou do instituído, do pensamento racional e prático. Ele não procria por si mesmo, mas é responsável pela procriação.

Arquetipologia – constelações de imagens e de símbolos em núcleos organizadores que busca distinguir as manifestações humanas da imaginação É estar “aberto” ao horizonte do tempo. No ato da imaginação está subsumido o passado e a memória.

Epifania – aparição ou manifestação divina.

Epistemologia do símbolo – esforço científico de elaboração de conceitos fundados em regimes de imagens e fantasias, considerando que a ciência nunca se separou dos fundamentos imaginários. Nos diz Durand (1989): Tomemos um exemplo preciso do filósofo da biologia, G. Canguilhem, que num excelente artigo, mostra que algumas querelas científicas não são muitas vezes mais que o resultado de diferenças dos regimes de imagem (p.126).

Esquemas (shème) – Generalizações dinâmicas e afetivas do fundo arcaico das imagens. São eles o “esqueleto” dinâmico e funcional da imaginação.

Estruturas – São uma espécie de matriz das representações imaginárias em torno de esquemas originais. São formas dinâmicas, sujeitas a transformações.

Eufemização – Processo observado pelos antropólogos de enfraquecimento ou suavização de determinada representação, disfarçando-se com o nome ou o atributo do seu contrário. Durand (1989) fala de uma eufemização constitutiva da imaginação, citando, por exemplo, que a eufemização da prostituta em alemão e em Francês, é “rapariga”. E, que a eufemização da morte nos leva para um outro regime de representação imaginária diferente do que até havíamos construído. O abismo é eufemizado no microcosmo do ventre (p.83).

Ícone – vocábulo grego que significa imagem. Quadro, estátua, tapeçaria, mosaico ou qualquer imagem que, na Igreja Ortodoxa, representa Cristo, a Virgem, ou algum santo ou mártir, considerada milagrosa e geralmente ornada de jóias e pedras preciosas.

Imaginação simbólica – Significação atribuída à uma determinada imagem; sentido para além do objeto sensível. Remete-nos ao conceito de hermenêutica, em cuja base está a interpretação do sentido das palavras ou dos símbolos. Não importa até onde o homem estenda os seus sentidos, sempre haverá um limite à sua percepção consciente (Jung, 1964, p. 23).

Imaginar – Imaginar é estar “aberto” ao horizonte do tempo. No ato da imaginação está subsumido o passado e a memória, onde reina o pensamento pré reflexivo. É, também, reproduzir e criar. Como nos ensina Durand, é uma forma de entrar no útero da essência do Ser-Homem no mundo. Podemos dizer, então que é um ato da consciência pertencente a subjetividade humana.

Imaginário – Na concepção durandiana, é a referência última de toda a produção humana através de sua manifestação discursiva, a qual sustenta o pensamento humano, movendo-se segundo quadros místicos e míticos. Eles orientam e modulam o curso do homem, da sociedade e da história.

Indiscriminação – A indiscriminação faz parte da elaboração simbólica que o ensino demasiado racional e verbal prejudica. Portanto, a indiscriminação trabalha com a antítese da discriminação proporcionando aos alunos interações e objetos do conhecimento, que permitam uma simbolização e um aprender mais integrados.

Individuação – É o processo pelo qual todo Ser passa para tornar-se um individuum psicológico, isto é, uma  unidade autônoma e indivisível, uma totalidade singular. É isomorfo a Alteridade. Em uma frase: realização do EU, do si-mesmo, que encaminha a unicidade de cada Ser na sua própria existência.

Mística – A assinatura mística nas coisas tem um caráter de guliverização, a medida em que é uma estrutura de apoio misterioso que lembra a vida espiritualmente alegórica. Com isso quero dizer que em toda mística contém um simbolismo concreto, abrangendo um conjunto de elementos que elevam o pensar.

Parábola – narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior.

Persona – De acordo com Jung, é uma espécie de máscara que vestimos para a adaptação social, sendo ela parte integrante da nossa personalidade.

Regimes do Imaginário – Estudado por Durand (1989) onde mostra que estes regimes compõem formações por agrupamentos de estruturas vizinhas através de núcleos organizadores do processo de significação cultural, que “hierarquizaram” as manifestações do imaginário humano. Estes núcleos de imagens se dividem em dois: regimes diurnos e regimes noturnos, onde estão agrupados diferentes símbolos.

Regime diurno da imagem – Pode ser definido como o regime da antítese (Durand 1989, p.49), salienta a oposição entre duas idéias; embora, contenha polarizações dinâmicas. Se divide em duas partes antitéticas, a primeira de que o sentido do título será dado pela própria convergência semântica(…) ao fundo das trevas (…)se desenha o brilho vitorioso da luz; a segunda manifestando a reconquista antitética e metódica das valorizações negativas da primeira (op. cit).

Regime noturno da imagem – Tem o caráter de eufemizar a valoração negativa das imagens noturnas, ou seja, suavizar, sob o signo da conversão, o valor afetivo atribuído a determinadas imagens. …é então que, no seio da própria noite, o espírito procura a luz e a queda se eufemiza em descida e o abismo minimiza-se em taça… (Durand, 1989, p.138).

Representação – É o campo do conhecimento onde se constrói as condições que se refletem na subjetividade. “Realidade”, significada por cada um. Forças que nos produzem, bem como, produtoras de mudanças.

Self – Para Jung (1964Ó) é uma espécie de centro organizador, totalidade absoluta da psique (p.161) de onde emanam as imagens oníricas. Tem uma função especial, a de regular o funcionamento da psique, podendo ser definido como um fator de orientação íntima, que possibilita um constante desenvolvimento e amadurecimento da personalidade. Os gregos chamavam-lhe daimon, o interior do homem; no Egito expresso no conceito de Alma-Ba; e os romanos adoravam-no como” gênio” inato em cada indivíduo (…) (p.161). Sendo o Self um fator de orientação íntima e inconsciente pode ser apreendido somente através da investigação dos sonhos de cada um (p 162).

Self-cultural – Termo enriquecido por Byington (1996), a partir de Jung, para designar este self como o centro organizador e regulador dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e doutros valores transmitidos coletivamente.

Self-pedagógico – Idem ao anterior, com a ressalva que esse self regula e organiza os ideais de educação, segundo determinadas concepções de vida, e dos processos e técnicas mais eficientes para efetivar estes ideais. Como representante deste, temos o professor, que através de sua profissão pratica os ideais instituídos pela escola – ensinar.

Signo – entidade constituída pela combinação de um conceito, denominado significado, e uma imagem acústica, denominada significante. [A imagem acústica de um signo lingüístico não é a palavra falada (ou seja, o som material) mas a impressão psíquica deste som, segundo Saussure; no uso corrente, contudo, o termo signo designa freqüentemente a palavra.

Símbolo – Podem ser: arbitrários – que remetem a uma realidade significada, presente ou não, e os alegóricos – remetem a uma realidade significada, mas dificilmente apresentável. Carrega em si, a imagem de uma transcendência, jamais explícita e sempre ambígua. “Objeto” ausente re-(a)presentado à consciência por uma imagem, no sentido amplo do termo. Ou seja, consciência que dispõe de diferentes graus de imagem. “Realidade”, significada por cada um. Assim, uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além do seu significado manifesto e imediato (Jung, 1964Ó, p. 20).

Símbolo – aquilo que representa, evoca ou é sinal de uma coisa, ou noção abstrata. Psicol. “Imagem que, no inconsciente, pode representar indiretamente ou substituir objetos, atos ou relações diversas.” (Weiss) O simbolismo dos sonhos, dos atos falhados etc., isto é, o conjunto dos disfarces da libido, é ponto de maior importância nos estudos da psicanálise, que pretendeu chegar a um “código de símbolos”, o qual tem sido objeto de severas críticas, à vista de seu caráter de universalidade e constância discutíveis.

Sombra – Existe na psique humana, como uma parte inferior da personalidade. É a soma de todos os elementos pessoais e coletivos que, incompatíves com a forma de vida conscientemente escolhida, não foram vividos e se unem no inconsciente, formando uma personalidade parcial. Podemos dizer que é uma personalidade oculta, “recalcada”, freqüentemente carregada de culpa, cujas ramificações extremas remontam ao reino de nossos ancestrais, englobando todo aspecto histórico do inconsciente.

Subjetividade – É o movimento do Homem frente Si próprio, consequentemente, frente ao mundo. Uma espécie de curvamento diante do Si-mesmo; tomada de consciência do Si. O fundamento deste processo assenta-se, em parte no imaginário como patrimônio da humanidade (produções coletivas), outra parte nos desdobramentos individuais de cada Ser-no-mundo emergentes das relações. Portanto, é o mergulho no interior das coisas e, assim, de nós próprios como experiência de conhecimento que busca penetrar naquilo que conhece.

 

Glossário do simbolismo

Alegoria – Representação de uma idéia, por meio de outra que com ela tem relação próxima. Figuração-personificação-metáfora-parábola-a palavra deriva-se do grego állos, outra coisa + agareyo, dizer= dizer uma coisa por outra. A alegoria pode ser objeto da literatura, da retórica ou da arte (pintura, escultura). Na arte, consiste, as mais das vezes, em personificação de idéias imateriais ou abstratas, como a representação da ciência, da fé, da sabedoria, da amizade, etc. Em retórica e literatura, a alegoria é, por assim dizer, um desdobramento da metáfora, sendo, no entanto, mais geral e completa do que esta no que diz respeito à figuração.

Epifania – Aparição ou manifestação divina.

Ícone – Vocábulo grego que significa imagem. Quadro, estátua, tapeçaria, mosaico ou qualquer imagem que, na Igreja Ortodoxa, representa Cristo, a Virgem, ou algum santo ou mártir, considerada milagrosa e geralmente ornada de jóias e pedras preciosas.

Signo – Entidade constituída pela combinação de um conceito, denominado significado, e uma imagem acústica, denominada significante. A imagem acústica de um signo lingüístico não é a palavra falada (ou seja, o som material) mas a impressão psíquica deste som, segundo Saussure; no uso corrente, contudo, o termo signo designa freqüentemente a palavra.

Símbolo – Aquilo que representa, evoca ou é sinal de uma coisa, ou noção abstrata. Psicol. “Imagem que, no inconsciente, pode representar indiretamente ou substituir objetos, atos ou relações diversas”.(Weiss) O simbolismo dos sonhos, dos atos falhados, etc., isto é, o conjunto dos disfarces da libido, é ponto de maior importância nos estudos da psicanálise, que pretendeu chegar a um “código de símbolos”, o qual tem sido objeto de severas críticas, á vista de seu caráter de universalidade e Constancia discutíveis.

Parábola – Narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior.

As hermenêuticas redutoras

Hermenêutica – Arte de interpretar o sentido dos vocábulos. Interpretação dos textos sagrados. Interpretação das leis.

Mitemas – Grande unidade constitutiva que, pela sua complexidade, tem o caráter de uma relação. Tal como a fonologia ultrapassa e abandona as pequenas unidades semânticas (fonemas, morfemas, semantemas) para se interessar pelo dinamismo  das relações entre os fonemas, também a mitologia estrutural nunca irá deter-se num símbolo separado de seu contexto: ela terá por objetivo a frase complexa na qual se estabelecem relações entre os semantemas e é esta frase que constitui o mitema.

As hermenêuticas instauradoras

Anima – Arquétipo do feminino no homem. (ver mais sobre anima e animus no livro “O método Junguiano” – ULSON, Glauco).

Animus – Arquétipo do masculino na mulher.

Arquétipo – Padrões de comportamentos herdados ou universais psicológicos contidos no inconsciente coletivo.

Complexo – Agrupamento de idéias, sentimentos e imagens com um núcleo de significado comum e que se comporta como uma individualidade.

Símbolo, sinal ou signo – Jung faz a distinção entre símbolo e sinal. Enquanto o símbolo exprime algo transcendente, impossível de ser perfeitamente conhecido, o sinal expressa algo desconhecido, mas passível de vir a ser conhecido.

Os níveis do sentido e a convergência das hermenêutica

Inconsciente – Conceito-limite psicológico que abrangeria todos os conteúdos e processos psíquicos que não são referidos ao ego de uma de uma forma geral.

Inconsciente coletivo – Substrato arcaico de nossa psique que transcende os conteúdos puramente pessoais.

Inconsciente pessoal – Parte do inconsciente formada por conteúdos relacionados às vivências pessoais do indivíduo.

Reflexos dominantes – Reflexos organizadores dos outros reflexos por inibição ou reforço – dominante postural, dominante digestiva e dominante copulativa.

Conclusão: as funções da imaginação simbólica

Sublimação – processo inconsciente que consiste em desviar a energia da libido para novos objetos, de caráter útil.

Teofania –  manifestação de Deus em algum lugar, acontecimento ou pessoa.