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Processo de interiorização da covid-19 no Rio Grande do Sul e atração de serviços de saúde de alta complexidade no estado

Grupo de pesquisa Covid-19/Estudos Geográficos/LEUR/UFPel desenvolveu uma análise que demonstra o processo de interiorização da covid-19 e o movimento populacional em busca de serviços de saúde de alta complexidade no Rio Grande do Sul. Ao analisarmos a interiorização, observarmos  que este processo ocorre em etapas distintas no território sulino (figura 01).

O primeiro recorte temporal, representado desde a gênese da doença no estado no dia 09 de abril de 2020 (SES-RS, 2020) e estendendo-se  até o dia 20 do mesmo mês (quando foi confirmado a transmissão comunitária pelos órgãos de saúde), vai ao encontro da tese de manutenção da estrutura urbana como área originária de evolução da doença. A rede de fluxos que possui como centralidade a metrópole regional Porto Alegre e as capitais regionais localizadas ao norte do estado, expõe que as primeiras ocorrências concentraram-se principalmente no eixo RMPA e sua interligação com a RMSG. A integração entre estas duas regiões metropolitanas, como destaca Soares (2015), representa uma das áreas mais intensas em termos de industrialização e conexão econômica do Rio Grande do Sul e Brasil.

A evolução do processo de contágio desencadeou uma segundo etapa, a qual caracteriza-se por uma rápida difusão para centralidades do interior como as capitais regionais, Passo Fundo, Erechim, Santa Maria, Ijuí, Pelotas e Rio Grande; e os centros sub-regionais  Erechim, Santo Angelo, Lajeado, Santa Cruz do Sul, entre outros.  A partir do segundo e terceiro decêndio da pandemia, 99% dos municípios que possuem entre 100 a 500 mil habitantes no estado já possuíam casos confirmados da doença, o que denota a velocidade de contágio nas áreas com maiores aglomerados humanos.

O terceiro movimento concentra-se na reação em cadeia, derivada do processo de difusão do SARS-CoV-2 de municípios centrais para localidades menores, explicitando o rápido processo de interiorização da doença no território sulino. Um dado que representa esta perspectiva é a evolução no número de municípios com casos confirmados da Covid-19, pois, no final do terceiro decêndio  cerca de 38% dos municípios com menos de 20 mil habitantes possuíam registros, contudo, após trinta dias este número se elevou para 56%, (SES-RS, 2020), o que evidencia o avanço da doença para o interior do estado.

Neste sentido, após espraiar-se através da estrutura urbana com base, principalmente, na hierarquia clássica, podemos analisar o movimento de difusão da doença seguindo caminhos híbridos, tendo em vista que existe um processo de manutenção dos focos principais nas centralidades em conjunto com o avanço de novos casos que rumam para municípios menores, os quais possuem poucas  ligações diretas com as capitais regionais e os centros sub-regionais.

Esta conjuntura explicitada traz a tona uma série de questões relativas aos municípios menores, como a demora nos diagnósticos e a falta de infraestruturas medicas para o atendimento desta e de outras doenças.  Com o avanço de casos para um interior “profundo” (municípios com menos de 20 mil habitantes) observa-se a latente dependência por serviços de saúde de alta complexidade dos municípios que detém esta estrutura, ocasionando um deslocamento populacional em busca de leitos (figura 02).

Os municípios com maiores indicadores de procura no interior do Rio Grande do Sul, além da metrópole regional Porto Alegre que influência quase todo o estado (figura 03), são representados por: Passo Fundo com significativa procura de grande dos municípios da região norte, além de Erechim e  Ijuí como polos  de atração neste recorte espacial.

Na região metropolitana da Serra Gaúcha, mesmo com intenso aumento de casos confirmados e com grande concentração populacional (tanto total, como do grupo de risco), a existência de uma infraestrutura hospitalar mais pulverizadas e próxima, quando comparado com outras regiões gaúchas, denota uma procura por diversos centros hospitalares próximos,  como Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Farroupilha; além da própria busca por serviços na região metropolitana de Porto Alegre.

No centro do estado, seguindo a rodovia BR 453 e 287, destaca-se os complexos hospitalares da região de Lajeado, Estrela e Santa Cruz do Sul, formando uma região perimetropilitana ligada a fortemente ligada a Porto Alegre (SOARES, 2016). Seguindo a Oeste da BR 287 temos o município de Santa Maria, o qual polariza os serviços de alta complexidade na região central. Também observamos uma maior distância territorial entre os núcleos urbanos nos municípios no sentido fronteira Oeste e sudoeste, o que demonstra uma significativa preocupação com a velocidade na demora no transporte de pacientes devido a dependência das centralidades.

Na fronteira com o Uruguai, destaca-se a procura dos polos de Uruguaiana e Bagé, e na região sul os complexos hospitalares concentrem-se nos municípios de Pelotas e Rio Grande. Seguindo a lógica anterior, as grandes distâncias entre os municípios tornam-se um empecilho para a dispersão da doença, todavia também evidencia a demora no deslocamento em busca dos centros hospitalares que possuem estrutura de alta complexidade.

 

Esta e outras análises do Grupo de Estudos COVID-19/Estudos Geográficos/LEUR podem ser acessadas na página https://wp.ufpel.edu.br/cidadeecidadania/.

 

Notas metodológicas

– A presente pesquisa baseou-se nos dados disponibilizados pela Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul (2020); dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos hospitalares (2020); dados do IBGE (2010);

– Os dados foram tabulados e organizados a partir dos programas Excel e Qgis.

Equipe do projeto.

Dr. Tiaraju Salini Duarte

Dr. Sidney Gonçalves Vieira

Drª. Erika Collischonn

Dr. Mauricio Meurer

Me. Mateus Marzullo

Mestrando. Adriel Costa da Silva

Mestrando. Antonio Lourence Kila de Queiroz

Graduando. Eduardo Schumann

Grupo de pesquisa Covid-19/Estudos Geográficos/LEUR/UFPel realiza mapeamento dos casos confirmados da Covid-19 e das estruturas de saúde na região Sul/RS.

Mapeamento  dos casos confirmados da Covid-19 e das estruturas de saúde na região Sul/RS

Grupo de pesquisa Covid-19/Estudos Geográficos/LEUR/UFPel desenvolveu mapeamentos que demonstram a disponibilidade de estruturas de leitos de UTIs (adulto I, II e III), leitos específicos voltados a Covid-19 e número de ventiladores/respiradores que cada município possui dentro da Macrorregião em Saúde Sul/Região de Saúde – Sul*, coordenada pela 3ª Coordenadoria Regional de Saúde**. Destaca-se que o estado do Rio Grande do Sul possui sete Macrorregiões em Saúde que estão divididas em 30 Regiões de saúde, as quais, compreendem uma população total de 11.207.274 habitantes.

A presente analise possui como recorte espacial a Macrorregião Sul/Região de Saúde Sul (21)***, formada por 22 municípios (Pelotas, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, Capão do Leão, São Lourenço do Sul, Cerrito, Pedro Osório, Arroio Grande, Morro Redondo, Amaral Ferrador, Canguçu, Pinheiro Machado, Jaguarão, Herval, Chuí, Pedras Altas, Piratini, São José do Norte, Turuçu, Cristal, Arroio do Padre, Santana da Boa Vista) que juntos possuem uma população de 845.813 habitantes (2010), dos quais 83,5% da população vivem na zona urbana e 16,55 vive na zona rural (tabela 01).

Tabela 01 – População estimada (2019), população total do censo (2010) e densidade demográfica (2010) da região de saúde Sul. Fonte:IBGE, 2020. Elaborado pelos autores.

Devido a característica de concentração populacional em conjunto com a polarização das estruturas de serviço e comércio, destacamos que os municípios com o maior número de casos confirmados são Pelotas (18 casos) e Rio Grande (4 casos), sendo que o primeiro detém aproximadamente 70% dos casos confirmados da região.  Após as duas localidade citadas nota-se a presença de pacientes diagnosticados com o Covid-19 nos municípios de Canguçu e São Lourenço do Sul (ambos com dois casos), seguido de Capão do Leão e Piratini com um caso cada (gráfico 01). Importante salientarmos que todos os municípios mencionados fazem divisa territorial com a capital regional Pelotas e que no total a região conta com 26 casos confirmados pela Secretaria Estadual da Saúde (2020)****.

Gráfico 01: Evolução por município dos casos confirmados da Covid-19 na Região de Saúde Sul do Rio Grande do Sul. Fonte: SES, 2020; Prefeitura municipal de Pelotas, 2020. Elaborado pelos autores.

A concentração dos diagnosticados com Covid-19 em Pelotas e Rio Grande demonstra o papel fundamental destas localidades na estrutura urbana da região, sendo estes os que evidenciam os os maiores fluxos econômicos e uma conexão significativa com região metropolitana de Porto Alegre. Assim, a partir dos primeiros casos nas centralidades regionais, o vírus tendeu a dispersar-se no seu entorno e alcançar municípios  menores (em termos populacionais).

No que diz respeito as estruturas de saúde, mais especificamente ao número de  leitos de UTIs adulto (I, II e III) na região de saúde Sul (figura 01), observamos que Pelotas e Rio Grande concentram os maiores números, o que denota uma significativa procura por serviços de saúde diversos ao longo do ano pelos municípios que dispõe de pouco e/ou nenhuma estrutura, conforme nos confirmam os dados da REGIC (2018).

Figura 01: População total por município (2010), Leitos de UTIs adulto (tipo I, II e III) e casos de Covid-19 confirmados na Região da saúde Sul do Rio Grande do Sul. Fonte: IBGE (2020); SES (2020); CNEH (2020). Elaborado pelos autores.

Ao analisarmos especificamente o número de  leitos de UTIs exclusivos para tratamento do Covid-19 (figura 02), o município de Rio Grande destaca-se com 10 leitos existentes em operação, enquanto Pelotas dispõe de apenas 5 leitos específicos, sendo estes os únicos da região com estrutura destinada exclusivamente para o pacientes diagnosticados com a doença.

Figura 02: População total por município (2010), Leitos de UTIs Específicos para Covid-19 e casos confirmados na Região da saúde Sul do Rio Grande do Sul. Fonte: IBGE (2020); SES (2020); CNEH (2020). Organizado pelos autores.

Outra questão que caracteriza estas centralidades de serviços diz respeito ao número de Respiradores/Ventiladores disponíveis no sistema de Saúde da região (figura 03), tendo em vista que a mesma possui um total de 269 aparelhos, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos Hospitalares (2020), sendo novamente concentrados principalmente nos pólos regionais Pelotas e Rio Grande. Logo, podemos aferir que a região de saúde Sul possui um significativo contingente populacional que depende diretamente dos pólos centrais para atender as demandas de sua população.

Figura 03: População total por município (2010), Total de respiradores/ventiladores e casos confirmados Covid-19 na Região de saúde Sul do Rio Grande do Sul. Fonte: IBGE (2020); SES (2020); CNEH (2020). Elaborado pelos autores.

Esta característica histórica de centralização de serviços da saúde na região nos demonstra que o possível aumento dos casos de Covid-19 nos municípios menores e nos pólos centrais da região sul levará possivelmente ao aumento de demanda por atendimentos especializados que poderá, caso evolua o quadro de casos, a uma saturação da estrutura de saúde (pública e privada) na região.

Outros fatores complicadores do sistema de saúde da Região de Saúde Sul, que demonstram uma preocupação com a possível superlotação da estrutura hospitalar existente refere-se as internações por doenças respiratórias, as quais, após gravidez, parto e puerpério (16,8%) e doenças do aparelho circulatório (12,3%), são as principais causas de ocupação do sistema de saúde da região (figura 04), com um total 12,1% (DATASUS, 2018).

Figura 04: Óbitos por doenças respiratórias nos municípios de ocorrência (2018), leitos específicos para a Covid-19 e casos confirmados na Região de saúde Sul do Rio Grande do Sul. Fonte: IBGE (2020); SES (2020); DATASUS (2018). Elaborado pelos autores.

Ainda segundo o DATASUS (2018), os óbitos causados por doenças respiratórias no estado do Rio Grande do Sul nos demonstram a existência de aproximadamente 140 óbitos por ano para cada 100 mil habitantes e, ao somarmos os dados históricos das demandas hospitalares por doenças respiratórias na região Sul em conjunto com a possível disseminação de casos relacionados ao Covid-19 nos alerta para uma situação extremamente preocupante, não só especifica da estrutura hospitalar, mas também da sociedade como um todo.

 

 

 

 

 

 

Notas

 

* Divisão aprovada pelas instâncias superiores do Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de garantir e organizar a atenção à saúde de todos os gaúchos e a um atendimento universal – Segundo o Plano Diretor de Regionalização da Saúde/RS

 

** Formalizada através do decreto 39.691 de 30 de agosto de 1999, atualizadas a partir do decreto 40.991 de 17 de agosto de 2001, do Estado do Rio Grande do Sul – Segundo o Plano Diretor de Regionalização da Saúde/RS

 

*** Plano Estadual de Saúde 2016-2019 do RS

 

**** Os dados referentes ao município de Pelotas foram confirmados pela Prefeitura municipal

 

Como próximos passos, destacamos duas frentes:

 

– A primeira centra-se na estrutura de saúde (total de leitos disponível) no Rio Grande do Sul e a densidade demográfica total e de idosos, buscando demonstrar quais serão as áreas com maior pressão sobre o sistema de saúde caso, a doença evolua.

 

– O segundo refere-se ao estabelecimento de critérios para classificar o estado em “Regiões de Risco de Saturação do Sistema de Saúde em decorrência da Pandemia COVID-19”, cruzando diversos dados em uma representação única, a qual poderá oferecer suporte na implementação de políticas públicas no estado.

 

Esta e outras análises do Grupo de Estudos COVID-19/Estudos Geográficos/LEUR podem ser acessadas na página https://wp.ufpel.edu.br/cidadeecidadania/.

 

Notas metodológicas

 

– A presente pesquisa baseou-se nos dados disponibilizados pela Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul (2020); dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos hospitalares (2020); dados do IBGE (2010) e DATASUS (2018).

 

– Os dados foram tabulados e organizados a partir dos programas Excel e Qgis.

 

Equipe do projeto.

 

Dr. Tiaraju Salini Duarte

Dr. Sidney Gonçalves Vieira

Me. Mateus Marzullo

Mestrando. Adriel Costa da Silva

Mestrando. Antonio Lourence Kila de Queiroz

Graduando. Eduardo Schumann

 

Principais rotas de dispersão do vírus no Rio Grande do Sul.

 

Grupo de pesquisa Covid-19/Estudos Geográficos/LEUR/UFPel desenvolveu um mapeamento que demonstra as principais rotas de dispersão do vírus no estado gaúcho tendo como base três parâmetros: o primeiro, refere-se a evolução diária dos casos, com base em informações disponibilizadas pela Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul referente aos casos de Covid-19, o que nos demonstrou a formação dos eixos de dispersão do vírus desde o primeiro caso no município de Campo Bom e sua evolução até a presente data.  O segundo parâmetro, centra-se na hierarquia urbana do estado, tendo em vista a existência de municípios que polarizam atividades econômicas diversas e, por conseguinte, possibilitam o processo de dispersão do vírus. O terceiro, são as principais rodovias do estado que possibilitam a ligação entre estes municípios e a metrópole regional Porto Alegre.

Com base nestes três elementos, ficou claro para o grupo que o Rio Grande do Sul desenvolveu um eixo primeiro de dispersão do Vírus que segue a BR-116, ligando a região metropolitana de Porto Alegre (RMPA) a Região Metropolitana da Serra gaúcha (RMSG). Neste sentido, os casos de Covid-19 concentram-se diretamente nesta área e, como já mencionado em analises anteriores desenvolvidas pelo grupo de pesquisa, neste eixo encontram-se as principais centralidades econômicas do estado, criando uma rota rápida de dispersão do Covid-19 não somente circunscrito às regiões metropolitanas mas também à municípios próximos.

Após a formação da principal área de concentração do estado, podemos identificar rotas secundárias através de rodovias que interligam o eixo primário de contaminação do coronavírus à municípios do interior que concentram maiores atividades econômicas e aglomerações populacionais.

As vias de integração elencadas são:

– BR – 386:  Ligação do centro subregional Lajeado e ao norte (através da BR – 153) à capital regional Passo Fundo e Erechim ao eixo primário de dispersão do Vírus;

– BR- 287: integração de municípios como Santa Cruz do Sul e Santa Maria à RMPA;

– A continuidade da BR – 116 ao sul da RMPA, desenvolvendo a ligação com a capital regional  Pelotas e municípios importantes da porção sul como Rio Grande;

– BR – 290 que interioriza no sentido Leste-Oeste o Rio Grande do Sul , possibilitando ligações da RMPA com municípios como Uruguaiana e, através de rodovias secundárias outras localidades como  Bagé;

– BR – 290 no sentido litoral e integração da mesma à BR – 101, a qual propicia uma ligação do eixo primário de dispersão com o litoral norte do estado, tendo como centralidades subregionais os municípios do Capão da Canoa e Torres;

Todas estes eixos de integração e dispersão do Covid-19 elencados possuem Capitais Regionais e Centros Subregionais integrados diretamente pelas rodovias citadas ou indiretamente através de vias secundárias que possuem casos de Covid-19.

Também foi possível compreender através do mapeamento que ocorrem maneiras distintas de transmissão comunitária do Covid-19 no estado, tendo em vista a existência de estruturas territoriais díspares entre o sul e o norte do Rio Grande do Sul no que se refere a organização dos municípios.

Na porção sul, devido a existência de municípios com extensões territoriais maiores, a transmissão comunitária fica significativamente circunscrita (mas não exclusiva) a uma dispersão intra-municipal.  Diferentemente, a porcão central e principalmente norte do Rio Grande do Sul além da transmissão intra-municipal, visualiza-se uma significativa estrutura de propagação para municípios próximos tendo em vista a proximidade e integração econômica entre estas localidades. No caso dos municípios de maior extensão territorial, processo verificado principalmente no sul do estado, as concentrações populacionais maiores correspondem às cidades, propriamente ditas, sendo verificável que esses municípios possuem grande área rural com baixo índice de povoamento. O contrário se observa no norte do estado, onde a proximidade entre as cidades é maior, em face à estrutura das divisão territorial que, nesse caso, apresenta mais núcleos de aglomerações urbanas.

Próximos passos do Grupo de Pesquisa:

Como próximos passo, o grupo esta debruçado sobre a estrutura da saúde no Rio Grande do Sul  e a densidade demográfica total e de idosos, buscando demonstrar quais serão as áreas com maior pressão sobre o sistema de saúde caso, a doença evolua.

Notas metodológicas

A presente pesquisa baseou-se nos dados disponibilizados pela Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul.

– Os dados foram tabulados e organizados a partir dos programas Excel e Qgis.

Equipe do projeto

Dr. Tiaraju Salini Duarte
Dr. Sidney Gonçalves Vieira
Me. Mateus Marzullo
Mestrando. Adriel Costa da Silva
Mestrando. Antonio Lourenço Kila de Queiroz
Graduando. Eduardo Schumann

Mapeamento mostra o avanço do Covid-19 no estado e as áreas com maior concentração do grupo de risco

COVID-19 E POPULAÇÃO DE RISCO NO RS

o Laboratório de Estudos Urbanos e Regionais (LEUR) realizou um mapeamento para demonstrar no estado do Rio Grande do Sul os casos confirmados de Covid-19 e sua relação com a população idosa por município. Na espacialização fica evidente que o grande centro de concentração/dispersão foi o município de Porto Alegre e região metropolitana,  devido a seu papel na estrutura urbana do estado. A expansão rápida da doença para o Município de Caxias do Sul (terceira cidade a confirmar casos de Coronavirus no estado) demonstra a formação de um eixo de integração através da malha urbana significativamente densa entre as duas Regiões Metropolitanas do RS.

 

Neste sentido, os municípios com maior risco para a disseminação do vírus na atualidade encontram-se nesta faixa, criando uma rede de dispersão do vírus nas cidades que fazem parte deste continuum de integração regional.

Outro agravante é representado pela estrutura populacional de grande parte dos município neste eixo e o avanço do Covid-19 para cidades do interior que possuem ligação com a Região Metropolitana de Caxias do Sul, tendo em vista que parte significativa da população nestas localidades é formada pela faixa de risco.

Nos mapas,  ainda fica evidente que a maior parte dos município do estado gaúcho possuem de 12% a 18% de população que encontra-se dentro da faixa de risco. Destacamos ainda  que no Rio Grande do Sul temos 64 municípios com uma população idosa superior a 20%, sendo as áreas da denominada “Serra Gaúcha” e norte do estado as que possuem a maior concentração de idosos.

Notas metodológicas

  • A presente pesquisa baseou-se nos dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao censo de 2010.
  • O corte populacional para estabelecer o grupo de risco foi determinado a partir da metodologia adotada pelo Ministério da Saúde.
  • Os dados foram tabulados e organizados a partir dos programas Excel e Qgis.

Equipe do projeto.

Dr. Tiaraju Salini Duarte
Dr. Sidney Gonçalves Vieira
Me. Mateus Marzullo
Mestrando. Adriel Costa da Silva
Graduando. Eduardo Schumann

UFPel realiza mapeamento da população de risco para o Covid-19 no espaço urbano de Pelotas

O Grupo de Pesquisa Geografia Política, Geopolítica e Territorialidades (GEOTER) do Laboratório de Estudos Urbanos e Regionais da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) realizou um mapeamento para demonstrar a localização da população com mais de 60 anos (Grupo de Risco do Covid-19) por setor censitário e região administrativa no espaço urbano do município de Pelotas. Os dados demonstram que o município de Pelotas possui aproximadamente 78 mil idosos, o que representa cerca de 25% de sua população.

No que tange à espacialização, foi possível visualizar que existem três regiões administrativas que necessitam um olhar mais atento do poder público no que tange ao distanciamento social, devido à alta taxa de população dentro da faixa de risco para o Covid – 19: Centro, Laranjal e Fragata. De acordo com os pesquisadores, o cálculo para obter o resultado foi baseado na proporção de idosos pela população total das regiões administrativas.

A região administrativa que representa significativa preocupação é o Fragata, tendo em vista o número total de idosos (aproximadamente 20 mil residentes), seguido pela Região Administrativa Centro e Três Vendas.

A região administrativa Laranjal possui um número total de idosos baixo comparado as outras regiões administrativas. No entanto, na proporcionalidade por total da população, a região figura com 28% de idosos, sendo a segunda maior taxa do município.

Com relação aos microdados (setor censitário), foram estabelecidos três recortes que demonstram áreas dentro das regiões administrativas com maior concentração da população de risco. A análise demonstra novamente uma atenção necessária ao Centro e Fragata devido à proporcionalidade de idosos.

Os pesquisadores Eduardo Schumann e Tiaraju Salini Duarte ressaltam que a partir dos dados por setor censitário torna-se possível pensar em zonas de risco e estabelecer uma estratégia de planejamento voltado à conscientização da população em conjunto com o estabelecimento de políticas públicas para atender aos idosos nessas localidades.

A pesquisa baseou-se nos dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao censo de 2010. O corte populacional estabelecido foi de 50 a 80 anos. A opção pelo recorte da população identificada com 50 anos no censo de 2010 ocorreu pois a mesma, no ano de 2020, está dentro da faixa de risco. A opção por retirar a população com mais de 90 anos foi devido à alta taxa de mortalidade neste recorte populacional.

Próximos passos
O Grupo de Pesquisa está debruçado agora sobre duas frentes. A primeira é o mapeamento da infraestrutura da Saúde no espaço urbano de Pelotas, buscando compreender quais áreas terão maior pressão por atendimento, caso o vírus se espalhe.

A segunda concentra-se no mapeamento das zonas de risco (através dos municípios com maior parcela de população com mais de 60 anos) no estado do Rio Grande do Sul, em conjunto com a evolução dos contaminados e óbitos pelo Covid-19, objetivando compreender quais áreas do estado estão mais propensas a evoluir no quadro de contaminação.